flor que se foi

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De um campo distante e esquecido, uma jovem moça repousava sobre seus joelhos, olhando para longe, onde parecia um pássaro negro.

Ana: "Senhor Corvo, novamente me visitas. Trago boas novas, a minha flor, minha flor está para desabrochar."

O pássaro pousava ao lado, sobre um velho tronco.

Corvo: "Minha jovem, novamente plantando flores? Elas sempre morrem nesse campo sem vida, para logo depois me alimentar das suas flores esquecidas."

Ana: "Mas dessa vez será diferente, não deixei faltar cuidados; até mesmo a reguei."

Corvo: "Regou? Como fez isso, se não chove, sem rios ou lagos."

Ana: "Reguei com minhas lágrimas, corvo, as lágrimas que chorei por tantas outras flores perdidas."

Corvo: "Forma dramática de cuidar de suas flores, mas estou aqui caso morram, para me alimentar novamente das suas flores mortas."

Num momento de silêncio, aos poucos, a bela flor desabrochava, viva, falando em um tom baixo e tímido.

Rosa: "Me arranque, bela moça, não quero viver contigo; não sou a sua flor."

Ana: "Não é? Eu cuidei e reguei com minhas próprias lágrimas."

Rosa: "Se me deixares aqui, morrerei de desgosto."

Ana: "Se é o que me pedes, que o vento te leve para o caminho que desejas."

A jovem arranca a rosa, estendendo sua mão para o vento, e com o tempo, a rosa se perde de vista.

Corvo: "Não morreu, mas não se tornou sua, e você, não vai chorar?"

Ana: "Gastei todas as minhas lágrimas para ela nascer."

Corvo: "Não vai plantar novamente uma rosa?"

Ana: "Não possuo mais sementes, só me resta sonhar que a minha rosa encontrou seu caminho."

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