Capítulo 4

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Tom Kaulitz 

Por que mulheres demoram tanto? Até mesmo para fazer as coisas básicas? Estou sentado no sofá da casa de Annie e Kenna enquanto as duas estão no quarto de Kenna para buscar a última remessa de caixas. Perguntei se queriam minha ajuda, mas fui dispensado. Agora estou tomando um chá de cadeira sinistro. 

Dou uma olhada ao redor e esse apartamento não tem nada a ver com Kenna. Não tem nada que mostre que ela mora, quer dizer, morou aqui um dia. Quer dizer, apesar de conhecer ela a apenas alguns dias e saber que ela está sempre com a cara dentro dos livros e notebook, estudando ou lendo, dando aulas de Ballet e cuidando da minha filha, ela citou que quase não bebe bebidas alcoolicas, exeto vinho tinto suave. Tem umas prateleiras com diversas garrafas de vodcas e tequila, acredito que sejam de Annie. Elas são completamente diferentes. Annie é muito barulhenta e agitada, já Kenna é silenciosa e calma. 

Me levanto e sigo para a varanda e acendo um cigarro. Elas moram em um bairro movimentado. Sei que é devido à idade. Quando eu e Bill viemos morar em Los Angeles, escolhemos o bairro mais agitado com as mais diferentes boates para nos divertirmos. Foi... intenso. 

Observo os carros indo e voltando e aparentemente nesse lugar só moram "adolescentes", quer dizer, pessoas com a mesma idade que Kenna. Reparo como minha vida ficou monótona com o peso da idade e das responsabilidades. Na verdade, quem realmente quis se mudar para uma área mais tranquila foi Heidi, para podermos criar Ivy. Fazia sentido, até. E permaneci na casa que ela escolheu para poder criar nossa filha, mesmo que sozinho. 

Sozinho. 

Essa é a palavra que me define. Com quase cinco anos de casados, sei que é pouco, comparado com a vida inteira que eu queria ter ao lado da mulher que sempre sonhei, desejei e amei. A única mulher que verdadeiramente amei, me deixou. Por isso, deixei de acreditar em Deus. Continuo usando os termos "Meu Deus" ou "Jesus" por hábito. Mas, não acredito mais nele. Porque, se Deus existe mesmo, com tanta gente filha da puta e ruim nesse mundo, por que tinha que tirar a vida de uma mulher no momento em que ela segura sua única filha nos braços?  Exatamente 30 segundos após sua filha nascer? 

Não sou sozinho, na verdade, porque tenho minha filha, meu irmão, minha mãe e os caras da banda. Sou solitário. Me sinto só, mesmo quando estou rodeado de gente. Às vezes me sinto um peixe fora d'água. 

- Você não deveria fumar tanto... - uma voz fala atrás de mim. 

- E você deveria cuidar da sua vida. - falo um pouco irritado. Uma menina de não sei quantos anos não deveria dizer o quê eu devo ou não fazer. 

- Quer saber? - faço que não com a cabeça, porque eu realmente não quero saber o que ela tem a dizer. - foda-se. Só não quero que você seja um babaca com a Kenna. - Annie para de frente pra mim com os braços cruzados. Como ela é petulante. 

- Não vou ser babaca com a Babá da minha filha. - digo ríspido. - Exceto se ela for uma babaca também. 

- Kenna não é uma babaca e tão menos mulher da sua laia. - ela semicerra os olhos e um V se forma em minha testa. - Acha que não vi como você olhou pra ela? 

Reviro os olhos e respiro fundo. - Não olhei de jeito nenhum pra ela. Cade ela? - olho para a sala e nenhum sinal de Kenna. - Ela ainda está arrumando esses malditos livros? 

- Está sendo um babaca agora. - Annie retruca. - Falando mal dos livros de uma Bookstan. Eu não faria isso no seu lugar.

- Qual é a porra do seu problema? - Estou perdendo a paciência com a ruiva na minha frente. 

- Estou cuidando da minha melhor amiga, Kaulitz. Só porque você é um coroa gato, não significa que pode tratar ela de qualquer forma. Kenna sabe se virar, mas não vou deixar você fazer mau a ela. 

Uma segunda chance - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora