As amigas do papai

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Finalmente é sábado a noite... Até que fim, ja não aguentava mais o cansaço nos braços e pernas. Enquanto metade das meninas estão eufóricas para sair e curtir a noite, eu não vejo a hora de ir embora para casa, tomar um banho, comer e assistir qualquer coisa na TV com minhas pessoas favoritas.

-Aurora? -quando a gerente chama é sinal que alegria de pobre vai durar pouco. - Esta é Beatrice, apenas baby liss.

- Olá Beatrice, como vai? Meu nome é Aurora. - forço um sorriso e lhe entrego um robe de seda. -Sente-se por favor.

Ela sorri, coloca o robe e se senta.
Conheço essa vaca e estou torcendo para que ela não lembre de mim. Nos vimos uma única vez à muito tempo, eu era baixinha e gordinha, ela era uma das amigas do papai.

Depois do episódio dos trovões, passei a mexer nas coisas do Armando assim que todos dormiam. Descobri, depois de um tempo, que ele tinha muitas amigas. Cada uma que eu descobria, contava para minha mãe, ela falava com ele e no outro dia ela não saía do quarto. Então passei a dar meu jeito para afastar as "amigas".

Beatrice era solteira e costumava sair com Armando para tomar uns drinks. Ela mandava emails sempre a noite, marcando os locais eu ia e apagava os emails, meu pai não via, então não saía. Nos dias que ele lia antes de mim, eu aperriava para sair com ele e com a mamãe. Como ele não nos deixava sair sozinhas, acabava indo.

Depois da Beatrice veio a Amanda.
Amanda era mãe de um colega da escola, eles se conhecerem numa reunião de pais e mestres. Eu era impossível na escola e vez ou outra meus pais eram chamados lá.

Do nada meu pai começou a fazer perguntas sobre a família do Felipe. Quem eram, o que faziam, onde moravam, se era meu amigo... Enfim, um verdadeiro interrogatório.

Sem mais nem menos, em um domingo, chamou a família do Felipe para conhecer a nossa. Disse que como os filhos eram amigos a família deveria ser amiga também. Entretanto eu e Felipe nos falávamos, mas não éramos amigos. Minha mãe ficou super feliz com a visita, mandou limpar a piscina, arrumar as mesas que ficavam na lateral da mesma, as empregadas fizeram petiscos e coquetéis. Foi uma tarde legal, estranha, mas legal. Foi a primeira vez que eu recebia alguém da escola na minha casa.

Essa amizade durou um ano. Nesse período, Felipe e eu éramos inseparáveis, foi com ele que rolou meu primeiro beijo. No dia da minha festa de 15 anos, ouvi umas meninas que estudavam comigo conversando no banheiro:

- Mara, você sabia que o pai da Aurora é o coroa que come a mãe do Felipe?

- Para tudo! Tô bege amiga. Como você sabe disso?

- Eu moro no mesmo condomínio que eles. E vejo esse cara lá algumas vezes por semana, sempre na hora do almoço.

- Tadinha da mãe da Aurora, recebe amante do marido na própria casa e nem sabe.

Fiquei roxa de raiva. Como eu não percebi isso antes? Aquela vadia entrava e saía da minha casa, se dizia amiga da minha mãe... Mas eu não ia deixar barato. Não mesmo. Não ia contar nada para minha mãe pois ela estava grávida, não queria que nada aconteça a ela e a bebê que estava para nascer.

Na semana seguinte, meu pai me deixou na frente da escola como era de costume. Mas eu não entrei, deixei ele ir embora, chamei um carro de aplicativo e segui para a casa do Felipe, que não ficava muito longe. E bingo! O carro do meu pai estava lá. Tirei fotos e voltei para a escola. Por  uma semana fiz fotos e registrei os dias e horários de entrada e saída dele.

Coloquei tudo em um envelope e mandei para a delegacia onde o pai de Felipe trabalhava. Não deu outra, seu Romero ficou de tocaia e pegou o casal no flagra. Colocou Amanda para fora de casa e deu um pau tão grande no meu pai que ele foi parar no hospital, nariz quebrado e duas costelas fraturadas.

No início fiquei muito mal, não medi as consequências dos meus atos, das outras vezes que interferi nos casos do meu pai, foi com mensagens ou a ausência delas. Mas dessa vez  envolvi outra pessoa que quase matou seu Armando. Pior de tudo que minha mãe ficou tão nervosa que entrou em trabalho de parto prematuramente. July nasceu de sete meses e precisou ficar dois meses no hospital.

Fiquei com muito remorso até o dia que Dynara apareceu...

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Último da semana. Espero que gostem.
Se cuidem
Xero

O outro lado da moedaOnde histórias criam vida. Descubra agora