The Perfect Sacrifice

Capítulo 2 - Refeição

- Itadori Yuuji!

A criança, apesar de não saber exatamente como proceder, se curvou perante o Rei. Suas pernas tremiam, e a fome que sentia pelas horas sem comer não ajudavam em tentar manter a calma. O que faria agora? Ele iria até ele e o mataria? Ou ele precisaria ir até lá? Teria algum ritual antes? Eram tantas perguntas, e a ansiedade de acabar descobrindo a resposta em poucos minutos fazia seu estômago revirar.

"Espero que não doa, odeio sentir dor..."

Novamente o barulho do ranger da madeira tomou conta do ambiente, Itadori não queria olhar, mas tinha quase certeza que o Rei havia se levantado. Era agora que morreria? Mas nem havia se despedido dos outros ainda, eles o ajudaram a chegar até o palácio e enfrentaram todo aquele caminho difícil apenas para ter a certeza de o trazer em segurança. Era grato por isso. Queria poder demonstrar sua gratidão de algum jeito, além de morrer.

Foi questão de segundos, tão rápido que nem notara o movimento ágil da mão alheia. Um silêncio ensurdecedor que permanecia até sua resposta foi quebrado pelos baques que atingiam o chão. Outro, mais outro, e outro.

Assustado pelo barulho repentino, Yuuji virou-se para trás. Seus olhos arregaralaram pela visão que teve e sua boca abriu-se em choque. Aqueles que antes estavam ajoelhados se encontravam no chão, sem as cabeças. O sangue que jorrava dos corpos sujava o chão limpo e enxercava a madeira. Lágrimas surgiram no canto dos olhos âmbar e um choro agudo saiu de sua garganta; correu em direção aos corpos buscando por alguma evidência de que aquilo não passava de uma brincadeira ou que estivessem vivos, mas nada.

Por quê?

Por que eles estavam mortos? Não era ele o sacrifício que o Rei havia exigido? Haviam feito algo errado que não agradara o Rei?

Com as mãos sujas de puro carmesim, os olhos chorosos olharam de relance para o outro no cômodo, esse que estava em pé, como se admirasse a própria cena que causou. "Seria ele realmente um demônio" se perguntava. Sua vontade era de revidar, correr até aquele ser e bater nele com toda sua força, mesmo sabendo que não havia chances de ganhar essa luta.

- POR QUÊ!!?? - Gritou. Sentiu sua garganta doer pela força - POR QUE MATOU ELES?

Mais lágrimas grossas desceram suas bochechas, além dos soluços que teimavam em vir junto. O Rei continuou em silêncio com sua expressão neutra enquanto olhava a cena, foi quando começou a se aproximar do garoto. Yuuji, ao notar a aproximação, se encolheu com medo do que o outro faria, mas se surpreendeu ao sentir um toque brusco, porém suave em seus cabelos. Acabou inconscientemente fechando os olhos com o carinho repentino, apesar de sentir seus ossos gelarem pelo medo.

- Se acostume, pirralho.

Após a fala do Rei, Yuuji abriu os olhos procurando os do outro, mas não achou ninguém. O Rei havia sumido, deixando consigo somente corpos.

...

- Você precisa comer.

Logo após o sumiço do Rei, uma mulher de cabelos brancos apareceu na sala e tomou-o nos braços. Itadori tentou lutar, relutante em aceitar o colo alheio, mas pelo cansaço acabou cedendo ser embalado pelos braços da mulher e continuou chorando. A ideia inicial era banhar o garoto, pois estava sujo de sangue e suor, mas ele não permitiu, então apenas teve suas mãos lavadas. Em sua frente foi posto um prato de comida a qual Yuuji estranhou o cuidado que ela teve. Por que estava sendo tão cuidadosa após tudo o que aconteceu?