Capítulo 6 - Alma

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Yuuji estava curioso.

No momento se encontrava em um salão reservado e extenso, muito bem decorado e iluminado. Era um dos poucos cômodos que ainda não havia pisado desde que chegara ao palácio - o que aumentou ainda mais seu fascínio em perambular por todo aquele território novo e descobrir onde ainda não havia pisado. Ao seu lado, em pé, estava Uraume com suas roupas habituais, e ao seu outro lado estava Sukuna. Ao que parece, ele continuava com suas vestimentas despojadas, porém, refinadas, sempre com tecidos caros e detalhados com ouro nas bordas. Yuuji parecia o único diferente dos três, pois mais uma vez havia sido obrigado a vestir um kimono, coisa que aprendeu a odiar. O único ponto positivo de se usar tal roupa era pelo frio que a montanha fazia, e acabava ficando bem agasalhado. Tirando isso, tudo parecia mais desconfortável: se mexer, andar, agachar. Tudo o que uma criança hiperativa deveria fazer.

Fora avisado enquanto tomava café que alguém visitaria o paço. Yuuji, de início, ficou bem animado pela notícia, pois seu pensamento primordial focou em Gojo.

Ah, Yuuji amava o homem de cabelos brancos.

Desde que seus olhos miraram o outro, foi invadido pelo sentimento de nostalgia. Ele lhe lembrava os bons momentos de quando era mais novo e tinha total liberdade para ser feliz. Satoru era sinônimo de euforia, pois tudo que faziam juntos parecia uma boa brincadeira sem fim. Ele assemelhava-se a uma criança que acabou ficando preso em um corpo adulto, e Yuuji estava disposto a ajudar sua criança interior a sair.

Porém, seu sorriso de orelha a orelha morreu quando Uraume lhe explicou que não seria Gojo a visitar o palácio.

E foi ai que sua curiosidade começou.

Agora estava bancando um "mini anfitrião", vestido como alguém da realeza e ao lado de um rei. Se sentia deslocado ao lado dos dois. Não queria estar ali. Qual a necessidade de uma criança como ele estar ao lado de pessoas da elite pelo simples capricho de ser mostrado como uma espécie de troféu ou animal de estimação? Bem, pelo menos era assim que se via em meio aquilo tudo.

Ele conseguia sentir os olhos vermelhos o encarando, talvez pela peculiar situação de estarem um ao lado do outro, algo raro de se presenciar ou acontecer. Estranhamente já não se sentia tão incomodado com a presença do outro, com os dias que passou naquele lugar aprendeu a lidar com problemas que envolviam estar no mesmo ambiente que o mais velho. Embora metade daquela confiança se desse pela sutil presença de Uraume que também estava ao seu lado.

Manteve sua postura ereta e permaneceu com as mãos para frente juntas em seu colo enquanto tentava não bocejar pelo tédio que lhe invadia. Queria dar meia volta e retornar para seu quarto e tirar um cochilo, se aconchegar do frio, ou apenas ir brincar com seus brinquedos por ai.

Foi quando um guarda apareceu na entrada do salão chamando a atenção dos presentes, ele bateu continência perante o Rei e se curvou, logo abrindo espaço para alguém passar. Os olhos âmbar, antes caídos, despertaram ao ver a nova pessoa. Um homem alto de cabelos pretos e compridos presos em um penteado simples, roupas casuais e um semblante sereno. Ao seu lado, praticamente escondido nos tecidos em excesso das vestimentas do homem, estava alguém, andando calmamente junto consigo até seu destino.

Era uma criança.

- Vossa majestade - ele curvou-se.

O Rei, após um breve silêncio, limitou-se em dizer:

- Há quanto tempo, Kenjaku.


Yuuji arqueou uma sobrancelha. "Então Kenjaku era seu nome?" pensou. Era a primeira vez que via alguém no palácio, fora a Gojo, visitando o Rei. Talvez ele tivesse mais amigos do que imaginava.

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