Caralho, Ramiro

661 74 63
                                    

Depois de terem combinado os detalhes do que podia e não podia ser feito entre eles nesse "fingimento", Ramiro se dirigiu até o banho.

O homem ficava pensando no quanto essa brincadeira podia dar errado, mas também o quanto ele precisava acreditar um pouco nisso para fazer as próximas horas acontecerem da melhor forma possível. Se combinar direitinho, todo mundo finge que namora sem estragar a amizade.

Será?

Depois de tomar banho, Ramiro se dirige a cozinha e sente um cheiro familiar vindo de lá.

- O que que você tá cozinhando aí, hein? - Ramiro via Kelvin mexer uma colher de pau na panela e pergunta mesmo já sabendo a resposta.

Kelvin está vestindo um short de pijama curtinho e Ramiro se pergunta como o pequeno conseguiu tomar banho tão rápido e já estar na cozinha preparando algo. Ele também percebe que existem algumas gotinhas de água escorrendo pelas costas desnudas de Kelvin.

Porra, essa mania do Kelvin não se secar direito quando sai do banho... - pensa ele consigo mesmo, mas dessa vez, ao invés de irritação, o pensamento vem com uma dose de curiosidade. Ramiro se questionava como era sentir sua pele contra a de Kelvin naquele estado.

- Seu favorito, diviníssimo! Estrogonofeeee! - Kelvin dá um passo para o lado e vira para Ramiro apresentando a panela como quem apresenta um espetáculo.

A barriga de Ramiro ronca e ele percebe o quanto estava com fome.

- Ai, meu Pequetito! Muito, muito, muito obrigada! Não vejo a hora de provar da sua jantinha! - Ao falar essa frase, o sotaque do interior de Ramiro vem à tona com mais força.

Ramiro vira Kelvin de volta para o fogão e o abraça por trás, beijando o ponto onde sua clavícula e seu pescoço se encontram. Ele sente o corpo de Kelvin ter uma reação similar a um arrepio e isso o faz intensificar o toque na cintura.

- Pequetito? Nunca vi você me chamar assim! - Kelvin brinca, tentando desviar o pensamento do peito quente de Ramiro encostando nas suas costas. Ou do fato que ele estava com os braços abraçados em volta da sua cintura. Ou do cheiro pós-banho que Ramiro exalava.

- Pra tudo tem uma primeira vez, né? - Ramiro segue tocando o pescoço de Kelvin com o nariz e com as mãos repousadas na sua cintura.

Percebendo que Ramiro não sairia dali tão cedo, Kelvin volta a cozinhar para que o fundo do estrogonofe não queime na panela. Em silêncio, eles aproveitam a companhia um do outro enquanto pensam sobre o assunto.

Cara, eu nunca na minha vida diria que o Ramiro seria esse tipo de namorado, carinhoso, meloso. Pequetito???? Achei que ele ia ter uma energia meio Golden Retriever, chegar em casa falando alto, contando sobre os casos do escritório, assim como ele já é aqui em casa. - Kelvin destrinchava os acontecimentos na sua cabeça.

Será que o Kelvin namorado-de-verdade faria um estrogonofe sem eu pedir? Não sei, o Kelvin sendo uma pessoa doméstica é tão impensado pra mim! Logo ele, todo modernoso, todo da balada, vivendo essa vidinha caseira??? - Ramiro observava Kelvin provando o estrogonofe e colocando uma última pitadinha de sal na receita.

- E está pronta a nossa janta! -  Kelvin desliga o fogão e bota a colher direto na pia. Quando ele tenta pegar pratos, Ramiro volta a puxar o seu corpo para perto, dessa vez encarando os olhos do ruivo.

- Muito obrigado, meu bem. - Ramiro segurou o rosto de Kelvin com uma mão e passou o dedão carinhosamente apela sua bochecha. - Não só pela comida, mas também por cuidar de mim. Só você consegue ver todos os dias o quanto eu chego cansado do trabalho, o quanto eu mal tenho tempo pra mim... Queria te agradecer por todo esse amor. - Ramiro finaliza essa fala metade fantasiosa e metade verdadeira com um beijo na testa do menor.

Pretending | Kelmiro AUOnde histórias criam vida. Descubra agora