Qualquer coreografia que fazíamos era erótica. Todas as vezes que dançávamos, o foco era sempre parecer sensual, parecer erótica, mas não vulgar. Parecer intensa, mas não depravada. Parecer mais velhas do que realmente éramos, mas maduras do que a nossa idade permitia. Era isso que o Simon queria. A indústria adorava quando cantávamos e rebolávamos de uma forma única e conjunta. Quando nossas vestimentas cobriam só a metade do que deveria cobrir. Parecia que a idade tinha virada só um numero na conta do Simon.
Perdi as contas de quantas vezes ensaiamos naquele dia. Tudo para uma apresentação mais que perfeitas, para as jovens sensações do momento. Não que aquele foco todo me irrita-se, pelo contrario eu amava. Amava meus fãs e as pessoas que gostavam do meu trabalho, mas me sentia sufocada com a pressão que exigiam de nos. Nada pode sair fora do lugar, nada pode ser improvisado, nada poder ter falhas. Simon tirou, por muitas vezes, o brilho de algumas de nos para enaltecer outras. Em sua visão distorcida, eu parecia ser sua queridinha, a onde ele me mantinha nos refrães e tirava Dinah do foco, colocando a de voz de fundo ou pedindo para Normani não exaltar o tom de voz para se equilibrar com nosso timbre.
Eu estava exausta de tanto girar o quadril e agachar em uma pose sexy. Me sentia fazendo um exercício de academia para crescer os glúteos. Não que eu já não tivesse o suficiente.
— Cansada?
Lauren tocou suavemente meu braço. Nosso lance sempre foi o toque físico, isso sempre ficou aparente desde que nos conhecemos. As palavras nunca foram o nosso forte mesmo, nossa amizade tinha camadas tão internas que nem um noticiário conseguia descrever com clareza. Joguei a cabeça para trás buscando um ar mais longo.
— Só estou cansada de tanto ensaiar. Estamos ensaiando a meses e sempre são horas e horas de coreografias que tem como base nossa bunda na frente das câmeras. — Resmunguei.
Lauren massageou meu braço com a ponta dos dedos. Enquanto eu tentava encontrar um ar mais puro e menos turbulento com menos toxicidade em volta, Lauren testava a fina camada de senso que eu tinha com seu jeito meigo de se importa comigo. Eu não sabia bem como proceder nessas horas, depois das noticias começarem a borbulhar sobre estamos muito "intimas" em todas as nossas entrevistas e isso trazer um holofote maior que o Texas nas nossas direções, fiquei apreensiva em corresponder. Mesmo que eu realmente quisesse corresponder. No começo não precisávamos nos importa em demonstrar. Ficávamos do lado uma da outra quase sempre, corríamos de um lado para outro tentando ficar com alguma cadeira que fosse perto uma da outra. Lauren sempre me cutucava com o intuito de comentar algo sobre o jeito da Normani de responder algumas perguntas, as carecas da Dinah ou a Ally se esgueirando das perguntas pessoais.
— Olhe pelo lado bom. Desde a estreia do nosso primeiro clipe as pessoas tem comentado muito sobre seu "rebolado" . — Ela arrasta a ultima frase com um tom malicioso.
Eu entro em sua brincadeira.
— Ae? — Ela assenti. Abaixo a cabeça e a fito. — O que disseram?
— Disseram que você faz jus ao adjetivo " Latina" que esta sempre seguido de " Hot ou caliente"
Podemos estar a meses só falando inglês que nosso sotaque latino nunca ficou enferrujado. Soube no mesmo dia da apresentação que nos juntou que eu e Lauren compartilhávamos da mesma cidadania e da mesma cultura. Inclusive, ela também sabia falar espanhol, isso me ajudou muito quando meu inglês estava enferrujada pela falta de pratica.
Dou um leve riso maléfico.
— Tem cara de ter sido escrito pelo Austin. Ele sempre enaltecia minhas características latinas. — Digo.
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Talvez, em outra vida
Fanfiction- Acha que um dia, poderíamos dizer o que sentimos em voz alta? - Lauren me questiona, enquanto seus olhos esmeralda olhavam a plateia ao longe. Ouvíamos o som de suas vozes rasgarem em comemoração, gritando nossos nomes ainda que não ultrapassasse...