Me arrasto pelos dias como uma caneta risca os
números num calendário. As manhãs são iguais,
as tardes igualmente monótonas e as
madrugadas são vazias e silenciosas. Há mesmo
palavras o suficiente para descrever tamanha
solidão em estar vivo? Será que há algum
dialeto que possa aquecer nossos corações e nos
fazer sentir menos abandonados?
O cansaço me pesa as costas, molha minha face
e sangra minha alma. Quantas vezes irei me
perguntar se a vida vale a pena ou se há mesmo
algum propósito? Sentimentos não tem mais
valor, vivemos por pedaços de papel que nos
prometem milhares de sonhos, mas não nos
mostram nem mesmo a cor ou o formato deles.
Por quanto tempo mais viverei com essa dor
obstruindo minha garganta e com essa tristeza
inflando meus pulmões? Por quanto tempo mais
terei que me esgueirar para a irrealidade para
não perder o controle?
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o mundo estava em chamas e nem você podia me salvar
Poesiecoletânea de poemas após um término conturbado.