Prólogo

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Priya achava o cheiro do café pela manhã anormalmente confortante. Não se considerava uma criatura de hábitos, mas, também, não era nenhuma selvagem: gostava de acordar sentindo o cheiro de café.

Porém, desde que parou de conseguir acordar depois das seis da manhã, teve que se acostumar a fazer isso sozinha.

Bitiya, itni jaldi coffee? Kya baat hai? – A voz sonolenta de sua mãe soou, atrás dela. Apenas sua voz era o suficiente para que Priya a reconhecesse, mas a reclamação em seu idioma nativo foi a cereja no topo do bolo.

"Filha, tão cedo tomando café? O que está acontecendo?"

– Bom dia pra você também, Amma. – Respondeu, virando-se para a mulher, com um sorriso paciente no rosto.

Tumhe pata hai, yeh thoda zyada hota hai peene ke liye? – Manisha prosseguiu, e Priya considerou falha a sua tentativa de ter uma manhã pacífica. – Health ka bhi dhyan rakhna chahiye na. Chai piyo, woh bhi achha hai! – Apontou para o armário da cozinha, provavelmente se referindo ás dezenas de variedades de chás.

"Você sabe que já bebe demais! Também é importante cuidar da saúde. Beba chá, também é bom!"

– Sim, Amma, vou manter isso em mente quando acordar amanhã. – Assentiu, pacientemente, mesmo sabendo que, se tivesse que passar pelas suas manhãs tendo bebido apenas chá, provavelmente se jogaria da janela antes das 10 da manhã. – E eu achei que nós estávamos falando inglês em casa, já que você se incomoda tanto com o seu sotaque?

Manisha se calou por alguns segundos, piscando os olhos lentamente, ainda muito sonolenta, e Priya juraria que, se olhasse perto o suficiente, poderia ver as engrenagens girarem dentro da cabeça dela.

– Ah! Eu sei disso, mas... minha cabeça não funciona direito de manhã. – Massageou a própria cabeça, contendo um bocejo, e olhou na direção da janela da cozinha, logo atrás de Priya. – Se é que sequer amanheceu... que horas são?

– Exatamente cinco e meia da manhã. – Checou o relógio em seu pulso, segurando sua xícara de café na outra mão.

Arey yaar... você precisa se acostumar a dormir mais! Não está mais na Academia, você sabe disso. – Ela se sentou na mesa da cozinha, suspirando pesadamente.

Manisha sempre havia sido uma mulher bonita, e sua beleza certamente não havia se dissipado com a idade, nem mesmo depois de três filhos. Seus cabelos escuros e sedosos chegavam até a cintura, levemente ondulados, suas sobrancelhas eram escuras, cheias e marcadas, destacando seus olhos castanhos e amendoados, com os mesmos lábios carnudos de Priya.

Dos três filhos, Priya era a que mais se assemelhava com ela; tinha os cabelos mais curtos, com os fios grossos e com curvatura, e era apenas alguns centímetros mais alta do que a mãe.

– Sim, eu sei. – Confirmou, dando um gole em seu café, vendo Manisha fazer careta com isso; café era um dos seus maiores inimigos, juntamente ao Facebook e a nova garota do tempo do jornal. Sua mãe podia ser uma mulher intensa, na maioria do tempo. – Eu só... fico mais produtiva. – Deu de ombros, esperando que, dessa vez, sua resposta fosse aceita.

– Eu acho que você se... estica demais. – Confessou, parecendo ter dificuldades ao terminar a frase. – Entende o que quero dizer?

– Não acho que sou tão flexível assim. – Ironizou, esticando o próprio braço para a frente, mexendo os dedos rapidamente, recebendo um olhar entediado da mãe. – Era brincadeira. Eu entendi... você acha que eu me esforço demais. Mas eu discordo. Só estou acostumada a acordar cedo, isso é tudo.

𝐕𝐈𝐍𝐃𝐈𝐂𝐓𝐀 ↠Spencer ReidOnde histórias criam vida. Descubra agora