30° capitulo

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Pov Helena Weinberg

Mais uma vez isso....

Mais uma vez eu ouço a seguinte frase:

"Você sofreu um aborto espontâneo, não sabemos dizer exatamente o porquê"

Eu sei dizer o porquê.

Porque eu sou uma inútil. Não sou capaz nem de gerar a filha que minha esposa tanto anseia desde que a pedi em casamento.

Na primeira vez, me disseram que era normal uma mãe de primeira viagem sofrer um aborto espontáneo mas após a segunda tentativa eles indicam fazer alguns exames para saber o porquê de tal acontecimento.

Esperei um pouco mas eu fiz logo em seguida, a resposta foi que qualquer gestação que eu tenha futuramente será completamente arriscada e as chances do feto durar até o nono mês e vim a nascer sem nenhuma complicação é quase de dez porcento.

Eu me apeguei a esses dez porcento e não desisti de tentar, aqui estou eu a terceira vez deitada em minha cama após chegar do hospital com o útero completamente vazio por tê-lo perdido mais uma vez.

Eu perdi três bebês em um ano e meio tentando engravidar.

Por três vezes eu recebi olhares de pena de meus amigos e familiares. Pelo menos eu achei todos de pena. Eu me afastei por um grande periodo de minha empresa mas voltava semanas depois que de certa forma havia superado e pronta para mais uma tentativa.

Não me vejo preparada para receber os terceiros olhares de pena.

Lágrimas saem de meus olhos descontroladamente, meu lábio treme por conta de meu choro e as vezes meu corpo até tem alguns espasmos. Abraço meu travesseiro e ele começa a ficar molhado por conta de minhas lágrimas. Pego-o e apenas grito como maneira de aliviar a dor dentro de mim.

Grito com muita vontade, a dor que está dentro de mim neste momento é imensa. Não tenho palavras para descreve-la de tão dolorosa que é.

Sinto alguém me puxar para si, fazendo-me deitar em seu peito. Clara...

Ela tem estado comigo desde o início. Talvez muitos diriam "Não é mais do que a obrigação dela" mas não é dessa maneira que vejo. Não é qualquer pessoa que segura teu mundo enquanto você mesma já desistiu de segurar. Por todas as vezes, ela sempre tentou fazer com que eu esquecesse, me distraia a todo custo e nunca falou sobre mesmo que era totalmente perceptível o quanto ela se sente triste com tudo isso.

Tive medo, de que isso a fizesse se afastar de mim ou que pensasse em me deixar. Nunca foi segredo o seu desejo imenso em ter uma filha, ou um filho, desde que nos casamos ela fala sobre isso claro que não me apressou nem nada do tipo, mas demonstrava estar ansiosa para este momento.

A primeira vez, eu lhe avisei em seu aniversário de vinte e oito anos.

Clara acabou de chegar do trabalho mesmo que hoje seja seu aniversário ela foi trabalhar, pois faremos uma pequena confraternização no domingo. Eu sai mais cedo já que precisava ir até o hospital pegar meu exame e preparar tudo.

Ela olha para o andar de cima e me ver, logo um sorriso aparece em seu rosto.

- Chegou há quanto tempo?

- Faz horas na verdade, vim muito antes de você.

- Vou tirar você do cargo de chefe, está usando muito isso ao seu favor. - deixa a maleta onde sempre deixa e sobe as escadas vindo até mim-Preciso de um banho. -fala próxima de mim antes de selar nossos lábios rapidamente, ela franze o cenho-Aconteceu alguma coisa, amor?

- Você quer que eu conte agora ou depois do seu banho? - eu já sei a resposta

- Agora! Você sabe o quão eu sou ansiosa. - gargalho e mordo sua orelha

Meu primeiro Amor || ADP CLARENA Onde histórias criam vida. Descubra agora