You're a bandid like me

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Entre o instante em que observou atentamente a mão estendida para si e o átimo segundo em que se decidiu por aceitá-la, e assim, terminar de uni-las, Heung-min sentiu-se sob uma onda de sensações intensas e pouco possíveis de se descrever.

Por mais piegas que pudesse soar para o seu próprio consciente, o asiático facilmente acreditaria na possibilidade de uma catalisação elétrica estar acontecendo naquele mesmo momento. Era como se euforia líquida percorresse por todo o seu corpo, causando mais calor e, atingindo também, o rapaz à sua frente. 

De maneira equivalente a dois corpos conectados por fios de atração invisíveis, os dois homens deram mais um passo em direção ao outro e entrelaçaram, terminantemente, os dedos. Pouco se importaram, na verdade, com a identificação da canção que soava ao fundo da cerimônia, já muito envolvidos em uma densa névoa de fascinação compartilhada. Muito superior a um simples e inocente toque, o que parecia estar em questão ali era a realidade de um vínculo instantâneo. Como se suas mãos houvessem sido desenhadas de um mesmo molde correspondente, as mesmas se encaixaram de maneira sublime, originando um elo de percepção quase espessa.

Tamanha a abundância - e o caráter não platônico da comoção - os arrepios que percorreram a espinha de Heung-min espelharam-se no leve tremor sentido nas pernas do brasileiro que, em reação, deixou à sua captação o fugaz lampejo de surpresa nos seus olhos. No cenário deslumbrante daquele sofisticado espaço, os contatos seguintes transcenderam performance dançante que Richarlison havia decorado para guiar as mulheres com quem se envolvia. Criando uma narrativa própria e nada previsível, o que liderava seus movimentos em conjunto eram os sentimentos - ainda - não identificáveis, mas repletos de significados profundos, que se apossaram dos dois indivíduos misteriosos.

À medida em que o ritmo da dança se escalava devido a progressão musical, o mundo e as interferências externas pareciam se ocultar. A sintonia entre os mesmos era, de alguma forma, tão natural, que os sorrisos de deslumbramento despontaram em ambos os lábios em segundos aleatórios e não saíram dos seus rostos. Esquecidos da presença das pessoas que os levaram àquela festa  - e eram, assim, a causa maior de estarem ali, no mesmo evento - a troca de olhares furtivos e expressões silenciosas eram o que revelavam mais do que qualquer discurso ensaiado, em que eram especialistas, seria capaz de transmitir algum dia.

Entretanto, minutos que nenhum dos dois poderiam estipular depois, Heung-min e Richarlison se afastaram do salão de dança e se resguardando, se envolveram em uma conversa marcada por cunho performativo. Inexplicavelmente, aqueles indivíduos pareciam ser forçados a retomar seus desempenhos individuais, logo que se viam restringidos ao uso de palavras como canal de comunicação. Com taças novamente em mãos, brindavam ocasionalmente à conexão improvável que o destino lhes proporcionara, mergulhando em risadas compartilhadas e, mesmo que poucas, diminutas confidências triviais sobre o cenário em que estavam tomando parte.


♤♡◇


— Por que suas bochechas estão vermelhas? Você está com frio? - o capixaba, genuinamente, questionou em meio a uma risada. Talvez ele não estivesse mais totalmente sóbrio. 

— Eu sempre fico assim quando bebo algo que contenha qualquer teor alcoólico. Existe uma explicação biológica por trás disso. Mas, sinceramente, não faço a menor ideia dw qual seja. - respondeu o coreano, também rindo baixinho.

— É fofo… Você é fofo… - replicou, Richarlison, deixando seus pensamentos intrusivos vencerem em uma confissão de encantamento pela figura do outro.


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⏰ Última atualização: Dec 08, 2023 ⏰

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