Capítulo 3

19 2 12
                                    

Halley Andreev

— Não saia no sol! — Gritou minha mãe, antes que eu saísse para ir à escola.

Bufei alto, odiava que ela agisse como se eu não soubesse o que fazer. Era eu quem precisava conviver com minha pele sensível, também seria eu quem sofreria as consequências se tomasse sol demais nas bochechas. Minha mãe deveria saber que eu nunca cometia erros, não sei porque continuava se preocupando com isso.

Encarei o espelho, o tratamento estava funcionando, eu estava cada dia menos rosa, a textura das minhas maçãs estavam melhores e a irritação já não me incomodava. Finalmente estava conseguindo lidar com a minha pele no verão. Estava branca feito um fantasma? Sim, mas pelo menos ninguém mais perguntaria que droga era aquela nas minhas bochechas.

Coloquei o boné para sair, apesar do sol matinal não ser tão forte, não me atreveria a desperdiçar meses de tratamento contínuo. Depois subi na bicicleta e ajeitei-me para não ficar exposta pela saia do uniforme. Provavelmente chegaria vinte minutos adiantada — como sempre.

— Você não sabe o que aconteceu! — Alina, minha melhor amiga, aproximou-se toda estabanada. — Nossa, sua pele tá linda.

Não escondi o sorriso, estava contente por não ser a única a ter reparado.

— Eu realmente não sei o que aconteceu, é segunda e ainda não são sete horas, mas ficarei contente se me contar.

— Claro que ficará! — Explodiu. Era raro vê-la tão animada tão cedo.

Alina era mundialmente reconhecida pelo seu mal-humor matinal.

— Então?

— Temos um aluno novo — disse por fim.

— E daí?

— Um aluno novo! — Tentou novamente, revivendo a animação. — Quantos alunos novos tivemos na nossa turma depois que entramos? Eu não me lembro de nenhum, tirando aqueles coreanos que vieram de intercâmbio. E você não sabe a melhor parte.

Minhas sobrancelhas já estavam unidas àquela altura. De fato, era uma grande novidade recebermos novos alunos, isso geralmente não acontecia. Não costumávamos ter novos moradores em Greenville, eram sempre os mesmos vizinhos, os mesmos colegas, o mesmo vendedor no caminhão de sorvete. Greenville era monótona, previsível e regrada, exatamente como deveria ser. Além disso, a diretora Anderson era muito clara sobre o período das matrículas, ninguém seria aceito após o início das aulas.

Pelo visto, algumas pessoas estavam acima das regras.

Aquilo não parecia bom.

— E qual seria? — Indaguei, curiosa.

— É um garoto — extasiou-se, abanando o rosto com as mãos. — Um garoto da nossa idade. Na cidade.

— Não fique muito animada, ele pode ser um babaca cheio de espinhas.

Alina detestou meu comentário, seu olhar fuzilante deixou isso bem claro. Contudo, era verdade, o novo aluno poderia ser não apenas desagradável aos olhos, como também desagradável a todos os outros sentidos.

— Talvez ele tenha mau cheiro — brinquei, fazendo-a ficar ainda mais irritada.

— Se ele for bonito e gentil, eu o convido para tomar um banho e resolvemos esse problema.

— Alina! — foi minha vez de repreendê-la. — Não diga essas coisas, vão pensar que somos mulheres oferecidas.

— Mas somos — foi a vez dela me provocar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 09, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Free SoulOnde histórias criam vida. Descubra agora