Capítulo 2 - Um Kobold em Talvik

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UM KOBOLD EM TALVIK (kobold em talvik)

Doado há mais de trinta anos para a igreja de Talvik em 1832, o Candelabro Vara Sete era considerado um objeto sagrado, doado por uma nobre e rica família de comerciante no intuito de comemorar o nascimento do seu sétimo filho, neste caso o nascimento de uma menina, era a promessa deste comerciante que havia tido seis rapazes. Batizada com o nome de Lenna, o comerciante queria que o presente se juntasse aos outros dois misteriosos Candelabros que se encontravam pendurados na nave da igreja, ambos datados de 1706 e 1757.

Num dos Candelabros existia a figura de um pelicano que era bastante intrigante para o bispo Hakon por saber que este símbolo não era utilizado nas igrejas da Noruega. Os anos foram passando e aquela menina homenageada através do candelabro cresceu em Talvik, casando-se com Agot, o mesmo que planejou o roubo de dentro da igreja para a Ordo neste final de tarde. Com sete hastes muito bem trabalhadas, o Candelabro Vara Sete simbolizava o nascimento de cada um deles, era um vultoso objeto de desejo de muitos na região e a família de Lenna não sabia da sua importância. Foi o bispo Borghild que descobriu que o objeto doado à igreja não era um objeto comum como ele havia julgado, mas sim, o famoso Candelabro Vara Sete, uma preciosa e rara peça do início da idade média. Esta descoberta foi feita pelo bispo Francesco Apollore, o bispo descobriu que ela foi confeccionada nas Oficinas das Relíquias na Itália, a famosa Oficina Sidri no ano 260, junto com outros objetos de mesmo porte para a difusão do Cristianismo na Europa.

Francesco Apollore tinha sido afastado da igreja católica por problemas de saúde. Ele tinha estudado os apontamentos de outro bispo italiano, Geancarlo Petrucchio, morador da região por volta do ano de 1046. O objeto furtado pelo Kobold era uma reliquiae notabilis, uma das peças mais importantes e sagradas confeccionada nas oficinas do Vaticano, este era o principal interesse de Agot para roubar para a Ordo Supremus Lignum Crucis.

Aproveitando da sua importância o bispo Borghild julgou que o objeto, por ser sagrado, poderia reforçar a implantação do protestantismo na região. O pensamento do bispo era que o Candelabro Vara Sete pudesse reforçar o pensamento Luterano na região, pois alguns moradores de Talvik tinham o hábito de cultuar as divindades dos seus antigos ancestrais da era dos Vikings, fato que lhe desagradava. Com o Candelabro, ele julgou que o objeto poderia ser readaptado aos ideais luteranos.

A região que no passado era dominada pelo catolicismo como forma de combater o paganismo imposto por governos bárbaros, teve que se readaptar a reforma protestante. Eles expulsaram os católicos, mas foram obrigados a manterem algumas manifestações do catolicismo e o bispo Borghild não tinha forças para combatê-las, uma destas manifestações recorrentes eram os festejos de Santa Luzia em Talvik.

O protestantismo que ele defendia, foi incorporado através de um decreto real na Noruega, pelos reis suecos, no ano de 1537. Porém, ele ainda oferecia alguns impedimentos quanto à absorção do povo aos novos preceitos de fé.

Borghild, ao ser presenteado pelo Candelabro Vara Sete, julgou que poderia afastar o hábito das pessoas de cultuarem divindades escandinavas escondidas, o qual ainda proliferava na região e através deste objeto, ele poderia manter o interesse da população pelo Cristianismo.

Com esta oportuna simbologia, o famoso objeto sagrado sempre esteve guardado cuidadosamente no interior da igreja trancafiado numa sala especial, só saindo de lá no período dos festejos à Santa Luzia. Com o passar dos anos, o Candelabro junto com a imagem da santa passou a serem reconhecidos pela população de Talvik, como sagrados. Os mais devotos afirmavam que o Candelabro era o responsável por muitas curas na região, eles carregavam a crença e a certeza de que o objeto sagrado iluminava os seus passos nos períodos de fortes nevascas, assim nasceu os festejos a Santa Luzia.

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