Virando o Jogo

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Aonde estão as pessoas trans além da prostituição?
Realmente Erika,
Cê não errou nisso não,
É triste ver que as minhas tem que se vender pra comprar o pão,
Estupro disfarçado com comercialização,
Não importa por quanto seu corpo seja vendido,
De 50 conto à um milhão,
É desumano o quanto de trava de quebrada tá nessa situação.
Mas não é que eu sou vagabunda,
Não é que eu não quero trabalhar,
O problema é tu que não quer me contratar!
Então, já que eu sou uma trava bem boazinha,
Eu me contento em ficar militando nas minhas poesias,
Mas no fim,
Nada muda,
É sempre a mesma coisa,
Todo dia.
Nosso potencial,
Nossa arte,
Nosso esforço,
Sempre foram desacreditados pelos olhos de transfóbicos nojentos,
Que usam a Bíblia pra se amar,
Julgar é um pecado,
Lembrei daquele trecho:
Arranque seus olhos se eles te fizerem pecar...
Não irás arrancar?
Sangue, suor, e lágrimas,
Desperdiçadas,
O sangue de cada trans morta por "bala perdida" ou espancada até a morte,
A gente nunca dá sorte,
O suor, nosso suor derramado pelo esforço que a gente faz tentando conseguir algum cargo,
Mas é impossível arranjar um trabalho,
E lágrimas derramadas por todas desistências de caminhadas,
Então a gente tem se contentar com... migalhas.
Não,
A gente vai ganhar espaço,
E já tamo começando!
Slam das Minas,
Uma das edições mais recentes,
Quem ganhou e conseguiu ir pro estadual?
Naiá Curumim,
Não conhece?
Uma poeta travesti foda pra caralho,
Vulgo Trava da Oeste,
Katrina levou muita martelada na vida,
Mas o hoje dela antigamente era "um dia",
Katrina, outra poeta trans que em falar que ela é uma das melhores,
Eu não erro,
Trava oprimida por toda a vida,
Deu a volta por cima,
E hoje tá no estadual representando o Slam do Prego.
Angel Aguiar,
A estrela que tá a me guiar
Um anjo comigo nessa batalha,
Nessa aí a gente não perde a fé,
A gente não dá falha,
Irmã, Axé!
Logo logo eu também vou estar no topo,
Então vê se não se esquece,
Meu nome é Poeta Quinn,
Então talvez o vulgo... Quinn da Leste?
Já sofremos por muitos maus,
Já levamos muita madeirada nessa vida,
Mas agora cês vão ver lá no topo as damas de paus,
A gente tá junta nessa luta,
Falo sério,
Pra minha comunidade: o punho cerrado,
E aos transfóbicos: meu dedo médio!

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