SANTIAGO: Uma segunda chance para o viúvo amargurado

CAPÍTULO 3

LAURA

Não tenho curso específico para isso, mas tenho quarenta cursos que devem servir e pelos filmes que já assisti não é nada complicado. Ficar anotando as coisas que o chefe vai fazer, atender ligações, passar recados, acompanhar reuniões...

É top!

Eu vou tentar.

Vai saber se não dou sorte?

Descanso pela manhã e depois do almoço me arrumo do jeito que posso, bem bonita, toda vestida para ser secretária, com terninho e salto.

Desço os dez lances de escada para sair do meu prédio e ir até o endereço da empresa que peguei no jornal.

O nome da empresa é SM Solutions, nada mais que isso. Parece até o nome de uma lojinha de conserto de eletrônicos.

Sigo para o endereço e quando chego quase que não encontro lugar.

Minha sorte é encontrar uma pequena e discreta plaquinha na frente de uma lojinha.

E não é que é uma lojinha de eletrônicos mesmo?!

Entro na pequena loja, duvidando do classificado. Encontro um rapaz mexendo no celular, paro na frente do balcão e pego o pedaço do jornal para comprovar qualquer mal-entendido.

— Boa tarde, vim pelo anúncio.

Ele olha em minha direção, pega o papel da minha mão e depois de olhá-lo me mede dos pés à cabeça. Quando chega ao rosto, mexe uma das sobrancelhas, como se duvidasse da minha capacidade.

— Um minuto. — Ele devolve o papel, em seguida começa a mexer em outro celular e o leva ao ouvido. — Tem uma moça aqui. Ela me mostrou um anúncio do jornal com o nome da empresa, foi você quem fez? — pergunta e permaneço esperando. — Aham. Tá bom. — Ele tira o celular do ouvido e olha para mim. — Você pode entrar, é a primeira sala à direita. — Ele se levanta e abre uma porta atrás do balcão.

Passo para trás do balcão e depois pela porta.

— Obrigada — agradeço antes de andar pelo corredor.

Aqui tem ao menos três portas, duas à direita e uma à frente, no fim do corredor. À esquerda só existe uma parede lisa e o corredor não é coberto, dando assim para ver o céu e as nuvens.

O dia está lindo para ser demitida e admitida.

Paro em frente a primeira porta à direita e bato antes de abrir, em seguida coloco só o rosto para ver se é o lugar certo.

É um escritório.

— Entre — um homem fala, mas não o vejo.

Somente quando entro na sala me deparo com um belo exemplar de homem, alto, bonito, esbelto, não é forte demais, bem-vestido, de terno e gravata, com uma bela barba e cabelos escuros.

Um galã!

"Será que serei a secretária dele?"

— Sente-se. — Ele aponta para uma cadeira, me apresso e me sento.

Sua voz é muito bonita, suave e limpa.

Ele tem uma coisa atraente, um charme no olhar.

Estou perdidona!

— Você é... — Senta atrás da mesa e me encara.

― Laura.

— Enzo. ― Ele estende a mão para mim e o cumprimento. ― Você quer ser secretária aqui, Laura?

— Preciso de um emprego. — Sou direta.

Ele balança a cabeça e descansa as mãos em cima da mesa.

— Bem, a vaga é de tempo integral. Você tem que estar disponível todos os dias da semana.

— No anúncio não falava isso. — Fico surpresa.

"Trabalhar todos os dias da semana?

Que empresa é essa?

Tempo integral?

Eu terei que trabalhar de noite?

De madrugada?

Quando vou dormir?"

"Se tivesse visto isso no anúncio, eu nem teria aparecido."

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