CAPÍTULO 7

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SANTIAGO

— Somos família, Santiago. — Ela coloca a bolsa no colo e abre. — Vim aqui trazer o convite do casamento da sua prima. Será daqui alguns dias e ela quer que você seja padrinho.

Claro que ela quer!

Assim como a mãe, essa também só pensa em dinheiro.

Minha família por parte dos Molina nunca me pede nada, mas a família por parte de mãe...

Eita, povinho pedinte!

— E, por que ela não fez o pedido pessoalmente? — Estranho enquanto olho o convite.

Nem conheço o cara com quem ela vai se casar.

— Ela está na Espanha, o casamento será lá.

Bufo com a ideia.

— Não seria mais fácil fazer aqui? Toda a nossa família está aqui.

— A família do noivo está lá — justifica. — Ela disse que você pode escolher a madrinha. Tem alguma namorada ou ainda está de luto?

— Eu não gosto de casamentos... Não sei se vou aceitar o convite. — Devolvo o cartão, mas ela deixa em cima da minha mesa.

Só de pensar em casamento me entristeço.

— Chegou o momento de superar isso, Santiago. Você é jovem, bonito, bem-sucedido e tem muitas outras mulheres por aí...

— Não me venha com essa história, tia. — Faço careta e abano com a mão para que ela pare. — Eu não quero falar sobre isso.

— Uma hora você vai ter que falar com alguém — ela insiste.

Odeio quando me forçam a falar sobre isso.

— Já deu o seu recado? Pode ir embora, meu dia está cheio. — Levanto e ela também.

— Você se tornou um homem amargurado, mas espero que um dia as coisas mudem. Você é meu sobrinho favorito — ela fala antes de sair.

"Claro, sou eu que pago suas dívidas de jogo!"

Essa minha família me aparece com cada coisa...

Felizmente, depois que ela vai embora ninguém mais me incomoda. Trato de revisar algumas coisas que ainda tenho para fazer nessa tarde e termino tudo pelas dezoito horas.

Quando saio da sala reparo no silêncio e pergunto ao meu sócio se Enzo já foi embora.

— Ele foi embora por volta das quinze horas — responde.

Enzo acha que é brincadeira, ele só quer ficar aqui enquanto resolve o que interessa e ainda quer ter voz ativa na empresa.

Quando reclamo da sua postura é por causa disso.

Ele não vem trabalhar um dia todo, enquanto eu trabalho todo dia com hora para começar e sem hora para terminar para manter o nome da família em pé.

Mas eu já sei o que vou fazer, vou comprar a parte do Enzo e chutá-lo daqui.

Se ele não quer levar nada a sério, se ele não quer ver o progresso da empresa, também não vai atrapalhar.

Como meu motorista já está a minha espera, saio do escritório e entro no carro.

— Vamos para minha casa. — Tiro a gravata, abro o primeiro botão da camisa em seguida os dos punhos.

Estou exausto e ao pensar que verei o meu filho quando chegar em casa, fico mais tenso ainda.

Meu motorista para no sinal, uma ciclista passa na frente do nosso carro e reconheço seu rosto.

É minha nova secretária.

Meu motorista buzina para ela, então a vejo sorrindo e buzinando de volta enquanto para em cima da calçada.

— Você a conhece? — pergunto.

Ela está com uma sacola de pão na mão e vestida informalmente. Observo que ela entra no prédio e deixa a bicicleta parada sem cadeado.

— Sim, é uma garota que mora aqui. Todos os dias ela toma café na padaria que frequento e sempre conversamos. Ela é divertida.

O meu motorista não é dos mais jovens e se me lembro ele é casado.

"Será?"

— Vocês têm alguma coisa?

— Não, senhor. Ela tem a idade da minha filha mais velha.

— Que bom. — Fico aliviado. — Pois o meu irmão acaba de contratá-la para ser minha secretária.

— Sério? — Ele fica surpreso e animado com a notícia.

O sinal abre e ele volta a dirigir.

— Então ela deve ter sido despedida do supermercado. Ela me contava das suas desventuras pelo local.

— Ela é confiável? Você acha que ela é confiável? — Resolvo sanar a minha maior preocupação.

— Ela é um pouco atrapalhada, mas tem um bom coração. Acredito que ela seja confiável, senhor.

Mesmo assim irei testá-la.

Ninguém trabalha comigo sem passar por um teste primeiro, afinal não dá para confiar em todo mundo e mesmo que Enzo seja meu irmão, o conheço bem e sei que ele é capaz de tudo para seu benefício.

A minha casa fica uns vinte minutos do escritório e às vezes fico em casa trabalhando em home office, mas tem coisas que só dá para resolver pessoalmente.

O motorista para em frente à porta da casa, saio do automóvel e respirando fundo, na intenção de me encher de coragem antes de passar pela porta, toco a maçaneta.

Quando entro, ouço gritos de criança, em seguida vejo a minha governanta, Margareth, brincando de pega-pega com o menino na sala da minha casa.

A criança sorri enquanto corre até que Margareth e ele percebem minha presença. O pequeno me observa com os olhos curiosos e uma timidez que o faz segurar na mão de Margareth antes de se aproximar.

É o meu filho...

Ele não mora comigo, mora com a avó.

Um dos motivos para querer distância é que ele tem tudo dela, tudo da mãe. Olhos escuros, cabelos castanhos, boca carnuda e o nariz perfeito.

Quando o vejo, também a vejo e isso dói. Me dói lembrar dela. Ver o meu filho dói e não tenho forças para conviver com essa dor.

Encaro o menino por poucos segundos.

— Cuidado para não quebrar nada — peço e sigo para o meu quarto.

Ele pode ficar aqui, mas não vou aguentar vê-lo toda hora.

O tempo que puder ficar distante, ficarei.

No quarto, encontro uma foto dela e questiono inconformado:

— Por que você me deixou, Alice?


TADINHO DO SANTI, NÉ? SERÁ QUE UM DIA ELE SERÁ FELIZ?

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⏰ Última atualização: Dec 18, 2023 ⏰

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SANTIAGO: Uma segunda chance para o viúvo amarguradoOnde histórias criam vida. Descubra agora