the first times

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notas da autora: demorei, mas postei! tentando atualizar com mais frequência.

boa leitura!

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Dizem que 'as primeiras vezes' são fatos inesquecíveis, que por mais que o espaço de tempo entre o acontecimento passado e o presente seja longo, ainda assim, são memórias significativas, onde tudo nos remete àquela fatídica primeira vez. O cheiro, o ar que respiramos, a sensação que sentíamos em certo momento, a postura do nosso corpo, e até mesmo, a semelhança do presente com o passado.

A minha primeira vez em Coney Island foi antes de saber da existência de Tim. Chovia como hoje. Uma garoa gelada, que pingava em meu couro cabeludo, me causando arrepios. Por vezes, em minhas bochechas, me fazendo secar, em alguns momentos. A temperatura era baixa, não sabia ao certo, mas, chutaria 15⁰.

Eu nunca tinha presenciado um clima tão gélido. Até então.

Embora, não gostasse de frio, me parecia legal vestir um casaco em tom preto revestido de couro por fora. Eu me sentia descolada como nunca havia sentido antes. Ainda podia sentir o cheiro de roupa-não utilizada daquele agasalho, que ficou por anos guardado em meu armário, já que o clima caloroso de Boston não o exigia.

No topo de nossas cabeças, nossos gorros macios e com 'pompons' coloridos combinavam, ele tinha comprado para usarmos nessa viagem. Os cachecóis também eram uma ideia dele, e ele parecia bastante contente. Tanto quanto eu.

Andávamos lado a lado pelo cais, com as mãos entrelaçadas, e sem luvas, apenas aquecendo-as com o calor de nosso corpo. Me lembro de estar animada e apontar para todos os lados, com os olhos arregalados com tanta informação ao meu redor. Tudo era incrivelmente lindo ali. E, tudo ficava ainda mais incrível por estar com ele. Naquele lugar.

Por um momento, ele para, me obrigando a parar também. Minhas sobrancelhas se juntam, e eu busco por seus olhos verdes. Em silêncio, ele pisca por longos minutos.

"Eu te amo".

Por fim, diz. Juntando nossos lábios gélidos em um selinho.

Coney Island foi o último lugar em que nos amamos.

Uma gota forte cai na janela do carro do motorista, onde estou encostada, empurrando minhas memórias para longe de mim. Me espreguiço desconfortável no assento, tentando aliviar um pouco as dores que sentia nos glúteos, por passar tanto tempo sentada. Esfrego os olhos, e logo, viro meu corpo para o banco de trás, para ver Tim. Ele dormia com as pernas dobradas, já que sua cadeirinha roubava quase todo o espaço livre. Os braços escondiam o rosto, impossibilitando a minha total visão de sua feição.
Me viro para frente, pegando meu celular no para-choque.

09:30.

O calendário indicava que hoje era dia 5 de agosto de 2022, segunda feira. Apenas dois dias tinham se passado, desde que saímos de casa naquela madrugada. Para mim, parecia que estávamos vivendo no carro há semanas, quando na verdade, tínhamos dormido só duas noites ali. Duas noites extremamente desconfortáveis, por sinal. Na noite passada, eu havia pego no sono sentada, enquanto, o menino tinha sua cabeça deitada em meu colo. Meu tronco estava inclinado para o lado direito, escorado na porta e a cabeça recostada no vidro, e eu obrigava meu subconsciente a imaginar qu era um travesseiro fofinho e macio.

Minhas costas estavam doendo para 'burro'.

O celular ainda estava em modo avião. Era a única técnica que havia pensado para poupar energia, caso eu precisasse futuramente, e para que Dylan não conseguisse me ligar ou nos rastrear. Decido sair do carro para esticar as pernas, e alongar o corpo, para ver se melhorava o desconforto. Me afasto um pouco, apenas o suficiente para tentar imaginar que estava respirando um ar diferente de caos e problema. Passar horas sentada naquele carro, fazia eu me sentir enclausurada, de alguma forma. Como se eu não fosse dona da minha própria liberdade. Eu precisava dar um fim nessa situação.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2023 ⏰

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