Felipe mantinha sua mão nas minhas costas me guiando para a enfermaria, atravessava o corredor já conhecido por mim observando como sempre a decoração exatamente igual. Felipe se mantinha calado e apenas o barulho do bolo de chave preso em sua cintura soava.
Segurei Neve com mais força contra o meu e alisava calmamente seu pelo branco com a ponta dos meus dedos.
— Bonito gato! — a voz de Felipe soou mais grossa que o normal assim que adentramos na sala que eu tomaria a insulina e sorri de canto olhando para o animal de estimação em meu colo.
— É uma gata. — soltei uma risada fraca me sentando na maca acomodando Neve em meu colo.
— Gustavo não reclamou? Quer dizer, ele é o delegado mais rígido que essa instituição já teve! — falou sério me encarando encostado em uma das paredes.
— Ele...
— Ah! — soltou uma risada irônica. — Me lembrei agora que vocês tem um caso e pra segurar o sexo fixo dele dentro do trabalho ele precisa lhe dar algumas...
— Eu vou mandar uma única vez. — todo meu corpo tremeu ao escutar a voz rouca de Gustavo invadir a sala e arregalei meus olhos o encarando parado na porta olhando Felipe raivosamente. — Você repetir o que estava dizendo.
Observei Felipe negar com a cabeça soltando uma risada irônica.
— Quem você quer enganar, Mioto? A mim? Você sabe que nós nos conhecemos a bastante tempo e sabemos muito bem como você é, você se esqueceu de todas as mulheres que você transa todos os dias...
— O que você quer? Fazer com que Ana Flávia não queira nada comigo? Tentar fazer a cabeça dela? — riu sarcástico, eu observava tudo aquilo um tanto que estática, eu sabia que aquilo estava tomando um ritmo muito mais elevado do que devia, mas eu não conseguia me mexer. — É uma pena Felipe que o que você diz não vai mudar o que ela sente por mim muito menos o que eu sinto por ela...
