Capítulo Único.

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Pistol.

Boris Pavlikovsky.

Noite fria, quarto bagunçado e vazio de sentimentos, tanto quanto meu coração. A fumaça esconde meu rosto cansado, ainda bem, porque nem eu tenho o prazer de ver minha feição no espelho. Acho que realmente sinto sua falta, não sabia quanto a sentiria até você ir embora.

Agora eu estou no deserto, atirando ao céu, garrafa de qualquer bebida álcoolica na outra mão, esperando que você volte. Não sei o que fazer. Quando você estava aqui, eu sabia. Planejava tudo que faríamos na nossa noite, assim que as gostava de chamar.

Me dê a pistola, aquela que escondeu de mim com medo que pudesse machucar meu pai. Como pode tamanha situação, ele te ameaçou, me machucou, e você ainda desejava evitar intrigas? Você não existe. Quem me dera que não existisse mesmo.

Retorno aonde costumávamos passar as noites, se lembra? ela nunca foi o suficientemente aconchegante, mas com você ao meu lado, era a melhor cama do mundo. Você não gostava quando eu apertava sua cintura, dizia que sentia cócegas. Eu queria voltar a lhe fazer cócegas, Potter.

Volto a me deitar, choramingando silenciosamente. Lindas fotos, grudadas em um canto longe da visão direta da parede, me lembro que tinha medo de meu pai ver. Ele não era um monstro, você se lembra, não é? apenas quando bebia, ele não fazia por mal, mas eu sentia raiva dele, e como sentia.

Quatro fotos coladas de uma forma que, observando agora, extremamente tortas. A do canto era você e eu com Popper... Popper, certo? ainda prefiro meus apelidos. Você estava com um enorme sorriso, eu que tirei a foto daquela vez, sempre amei esse sorriso espontâneo que dava em momentos divertidos. Outras duas, representavam nosso perfil perto do pôr do sol daquele balanço, todos os fins de tardes eram lindos ali, mas não por causa da paisagem, por causa de você. A última foi o Natal no restaurante, aquele dia comemos tanto, tanto, que na volta para casa mal conseguíamos falar de tanto enjoo, apenas ríamos. Me lembro de Xandra e Larry pensarem que tínhamos bebido demais os vinhos que ofereceram à nós, talvez tivéssemos. Mas nunca esquecerei quando você apontou a câmera para mim no meio do jantar chique e esqueceu que o flash estava ligado.

Eram apenas quatro, quatro fotos das milhares que tiravamos. A maioria estavam penduradas em seu quarto, será que ainda continuam lá ou você as levou consigo? tomara que tenha as pegado, Potter. Ou talvez você apenas as descolou da parede, e agora as coloca em uma gaveta qualquer da sua nova casa.

Você tem estado na minha mente, Theo. Você tem estado muito na minha mente. Você tem estado na minha mente por exatamente 15 dias, e no meu coração desde que te conheci naquela escola velha.

Não posso mais lidar com isso, você está comigo o tempo todo, e não é fisicamente. Sinto que estou a perder meu tempo enquanto, provavelmente, você está beijando a ruivinha que me contou.

Será que pode me levantar do chão de novo? Cuidar dos meus machucados? Beijar aonde doía, e dizer que me ama como naquela noite... Sei que não se lembra, porque nunca mais falamos dela. Mas eu lembro, me lembro de tudo. Não sei se sinto raiva ou sou grato por sua amnésia álcoolica, mas sei que aquela noite foi inesquecível para mim. Eu jamais me deitaria com outro homem se não fosse com você, Potter.

Eu sei que se me visse de novo, diria que nos beijamos apenas uma vez, a noite que você foi embora. Nem tudo é preto ou branco, Potter. Aquela noite eu definitivamente vi cores, estrelas, seja o que for. Talvez fossem só os entorpecentes, talvez os entorpecentes tenham sido você. Não foi só um beijo, você não faz ideia o quanto me beijou.

Talvez se pudéssemos dar apenas mais um beijo, você poderia ser feliz. Talvez você voltasse, porque eu realmente sinto sua falta.

Não sei quanto mais posso aguentar. Você se quer... me chamou para te acompanhar, acho que não me amava.

Você continua na minha mente, Potter.

Espero que tenha gostado, é a primeira oneshot que posto. Escrevo há um bom tempo, estou a gostar um pouco mais das minhas escritas agora. Isso me fez querer postar esta curta visão do Boris, como seria quando Theo foi embora de Las Vegas e era apaixonado pelo garoto.

Também inclui uma música que particularmente, me agrada bastante, e me lembra a história do livro.

"Pistol - Cigarrets After Sex."

Obrigada por ler!

- Ma.

Pistol - Boreo.Onde histórias criam vida. Descubra agora