Um Pacto de Sangue

1. Recomeçando.

ᵒʳⁱᵍⁱⁿᵃˡᵐᵉⁿᵗᵉ ᵖᵒʳ ʲᵉˢˢⁱᵉ ᵐᶜᵃⁿⁿʸ

POV. Chloe

"Então é aqui aonde a minha história começa. Uma nova jornada, uma nova casa, um novo país, novos amigos... Enfim, tudo novo. Meu pai conseguiu uma promoção no trabalho na semana passada na qual ele receberá bem mais do que no Brasil, e, desde então, temos arrumado nossas coisas para uma mudança, nós estamos indo para interior do Canadá, para uma cidade chamada Stratford. Por um lado eu estou bem ansiosa, talvez eu tenha alguma aventura nova para contar, mas por outro... Estou deixando o Brasil, o calor, as praias, meus amigos e meus familiares. E é algo de que eu não queria muito. Mas, infelizmente, não posso reclamar, terei uma vida melhor lá, como meus pais dizem... - Chloe."

Terminei de escrever no meu diário no segundo que chegamos no jardim da nossa nova casa. Julia e eu não estávamos lá às mais contentes do mundo no banco de trás do carro, mas tínhamos que aceitar pela felicidade dos nossos pais. A casa é bem bonita e chique - e realmente bem maior do que nossa casa no Brasil, mas isso não vem ao caso agora -, tem a fachada com o pé direito alto e a entrada de casa tem um caminho iluminado com pisos de mármore. Um verdadeiro luxo.

Infelizmente não aproveitei muito da vista do lado de fora, pois aqui já estava chovendo, alias chove desde o momento que o avião pousou na pista. Aqui parece ser um lugar onde quase nunca faz sol. Algumas pessoas me avisaram que Stratford é uma das cidades mais frias do Canadá, agora imaginem, eu, uma garota que ama o calor e o verão, presa no completo oposto, é um verdadeiro desastre!

Estava olhando um pouco mais a casa, sem perceber que as gotas de chuva tinham engrossado mais, quando, de repente, notei um papai correndo para dentro de casa com algumas malas nos braços para não se molhar. Mamãe fazia o mesmo que ele. Comecei a copiá-los e peguei as minhas malas do porta-malas do carro também. Julia teve um pensamento diferente, pois, assim que saiu do carro, ela berrou:

- VOU ESCOLHER O MEU QUARTOOOO! - e saiu correndo porta adentro para o segundo andar de casa. Eu ri ao mesmo tempo que revirava os olhos e entrava com as minhas malas.

Dentro de casa é ainda mais belo e aconchegante que o exterior. Eu fiquei embasbacada por alguns instantes. Ok, não é o meu lugar favorito para se viver devido as e a falta de amigos, mas definitivamente é a melhor casa que poderíamos escolher para morar! Meus pais capricharam dessa vez.

Comecei a subir os degraus com as malas embaixo dos braços, quando ouvi a voz da mamãe me chamar, olhei para trás e ela fez sinal para que eu descesse as escadas. Suspirei e coloquei as malas em um lado da escada para não atrapalhar a subida dos outros e fui de encontro com ela.

- Me ajude aqui um instante, filha? - ela disse segurando uma caixa grande e que parecia bem pesada.

- Claro, mamãe! - concordei e a ajudei com a caixa, que nós levamos rapidamente para a cozinha. - Agora eu vou arrumar o meu quarto, tudo bem? - perguntei a olhando. Mamãe sorriu generosa e concordou com a cabeça.

- Claro, filha, vai lá! Espero que você goste do quarto novo! - ela disse beijando minha testa e me abraçando, ao passo que eu retribui e subi os degraus novamente em seguida para o segundo andar.

A casa parece mesmo muito melhor do que a do Brasil. Tem muitos detalhes, bem mais detalhes que nossa antiga casa, mas mesmo sendo bonita, as vezes sentia que parecia um pouco assustadora por conta das várias janelas espalhadas por todos os lados. E todas mostravam uma única paisagem, um mundo extremamente verde do lado de fora! Árvores, arbustos, musgos... Era tudo aquilo de que eu não sentia afeição nenhuma...

Assim, não é que eu odeie a natureza, não é bem isso, é só que eu não me dou bem com ela. Sou muito desajeitada e quando se é como eu, lugares como esse nós tendemos a evitar para que não ocorra algum deslize, escorregão, humilhação pública e por aí vai... Enfim, o que quero dizer é que, para pessoas desastradas e desajeitadas como eu, lugares assim não são muito bons.