Capítulo 7 - O acordo

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BRUNA MARTINEZ

Um dia depois. Era domingo. Os cassinos estariam a todo vapor hoje.

— Está mesmo disposta?

— Sim, já fiz isso antes, não pela máfia, apenas por diversão.

— Alonzo não se importava?

— O que você acha? — Suspirei — Eu fazia isso para fazê-lo desistir do noivado, e veja bem, não deu certo.

— Eu lembro que tentou comigo — Revirei os olhos.

— Vamos falar sobre você agora, porque não usa o nome da sua família? — Mudei de assunto.

— Minha família não aceita que eu queria ser músico, eles são advogados e empresários. Se eles me desprezam, então eu desprezo o fardo do sobrenome. E você como é ser uma Martinez? Não é estranho ter se casado com,teoricamente, seu irmão?

— Não somos irmãos, e você sabe disso. E eu só adquiri o sobrenome depois do casamento.

— Mas já usava antes — Assenti.

— O sobrenome tem suas vantagens. E quando vinha para os EUA, precisava despistar.

— Mas você foi adotada, mesmo que por um mafioso, porque ele não te deu o sobrenome?

— Você não entende nada sobre máfia — Diego e eu estávamos dentro do cassino, sentados em um mesa no canto — Os sobrenomes na máfia são importantes. Eu não era filha biológica do pai de Alonzo.

— Ele chegou — Diego olhou por cima do meu ombro — aquele é o meu primo César Bonucci.

Virei-me devagar, mas nada me preparou para isso. César Bonucci, era alto, moreno e tinha os olhos castanhos claros. Como se estivesse sentindo o meu olhar, ele voltou sua cabeça na minha direção e os nossos olhares se encontraram.

— É eu acho que você não vai ter tanto trabalho assim, César não para de te encarar.

Voltei meu olhar apressadamente para Diego.

— Merda!

— O que foi?

O que foi? Eu não sabia, mas tinha algo em César Bonucci.

— Preciso ir...— Levantei-me apressada.

— Eiii — Diego correu atrás de mim — O que você está fazendo?

Eu precisava sair dali. Ignorei Diego e segui para a saída, mas avistei Raun na porta do estabelecimento.

Só pode ser brincadeira.

Ruan me viu e caminhou na minha direção. Diego se afastou no mesmo segundo. Covarde.

— Te achei, princesa — sorriu.

Ergui o queixo e o encarei — Muito lento para um mafioso — disse eu. Ele ergueu as sobrancelhas, e olhou para algo atrás de mim, não parecendo nada contente com o que via.

— Está tudo bem por aqui? — Era ninguém mais ninguém menos que Nicolas — Ruan, bom te ver — Ele colocou o braço sobre meus ombros.

Franzi o cenho e o encarei, estranhando seu comportamento.

— Já contou a novidade, querida? — Pegando-me de surpresa, ele levou seus lábios de encontro aos meus, arregalei os olhos em choque. Nicolas afastou o rosto sorrindo — estamos noivos.

Quando encarei Raul vi o quão bravo ele estava, mas eu também estava. Como assim, noivos? Tentei empurrar Nicolas, mas ele me apertou contra seu peito.

— Agora, Bruna é negócio meu, você pode voltar para o México, seus serviços não são necessários aqui.

— Eu não trabalho para você — Disse Ruan secamente — E não, ela não é sua noiva.

Nicolas me soltou e eu dei um passo para trás.

Que merda.

Saí dali imediatamente, não tinha mais cabeça para discussões.

— Parece que está fugindo de algo? Ou devo dizer de alguém? — Arrepiei-me ao escutar uma voz masculina muito próxima do meu ouvido — O sujeito passou por mim e se posicionou na minha frente.

— Nunca te vi por aqui, loirinha.

Era o tal César.

— Deve ser porque eu nunca vim aqui antes — Olhei para trás e vi que Nicolas e Raul ainda conversavam.

— Se quiser sair, pode vir comigo — disse ele, parecendo interpretar a situação, mas com certeza de forma errônea. Eu sorri e cruzei os braços, me aproximando dele aos poucos.

— Eu vou, mas porque era você mesmo quem eu estava procurando — Segurei sua gravata. Ele seguiu meu movimento, e depois passou o olhar pelo meu corpo, meus lábios e então encarou meus olhos.

— Agora sim estamos na mesma página, loirinha.

(...)

— Então...Quem é você? — Perguntou César enquanto conduzia o carro sabe se lá para onde.

— Bruna.

— Só Bruna?

— Martinez — Isso fez César frear bruscamente o carro. Meu corpo foi jogado para frente, mas o cinto me manteve segura.

— Herdeira da máfia mexicana — Concluiu.

— Poderia ser qualquer uma, mas sim.

— Poderia, mas não no meu cassino. Fala logo o que quer.

— Qual seu preço?

— Meu preço? Ninguém me compra, você diz o que quer, eu vejo o que posso fazer. Mas de você eu só quero uma coisa e você sabe qual é.

— Não sou uma prostituta.

— Eu nunca disse isso — César voltou o olhar para mim — Soube que está procurando um noivo, não é?

— Eu tecnicamente já tenho um. Nicolas.

— Constantino. Sério mesmo? Eu posso ser seu noivo. Um bem melhor que esse que te arrumaram.

— Não, não pode. E não deveria falar assim, ele é seu chefe.

— Por que não posso? E sobre ele ser meu chefe, bom...ele conquistou isso facilmente. Não mostrou nenhum valor. Simplesmente herdou um cargo sem viver nesse mundo. Ele é um forasteiro por aqui.

— Os mafiosos possuem valores? Ética? Moral?

— Diga logo, por que não posso ser seu noivo?

— Alonzo não morreu. Está muito vivo e aqui no Brasil. É por isso que você vai me ajudar.

Esse acordo pode ser inusitado, mas eu imploraria a ajuda de César para manter Alonzo seguro, ele não poderia morrer de vez, isso implicaria na vida da minha família e na minha própria vida. Sua "morte" em primeira instância, já foi complicada demais, eu tenho que protegê-lo agora e depois fugir. Eu desejo destruir a máfia mexicana, mas isso não tem como acontecer se Alonzo está vivo, e eu não posso me livrar dele, e ele sabe disso.



NOTA DA AUTORA:

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Dark: O lado mais sombrio do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora