9 - Dark garden.

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Risadas, correria e brincadeiras.
O vento gelado batendo em meu rosto..
Ah..tantas memórias.

Seus patins eram rápidos, o vento balançava todos seu cabelo que seu pai havia organizado há minutos atrás, Shin ria sem parar enquanto sentia aquela adrenalina forte. O moreno se esparramou naquela grama olhando para o por do sol que chegava rápido.

– Queria poder sentir as nuvens.. – Sussurrou esticando seus dedos minúsculos para "tocar" nas nuvens.

Seu corpo se levantou em um pulo, ele lançou um olhar para o banco esperando encontrar seus pais que sorriam "sempre", porém desta vez não era assim. Kyoka gritava com Kazume incontrolavelmente, seu rosto estava vermelho com um hematoma, Shin se prendia demais em seus pensamentos de novo e sempre quando voltava tomava um choque de realidade. 

– ENTÃO PORQUE NÃO DESAPARECE? É FACÍL DIZER E NÃO FAZER, TATSUKI! – Gritou dando socos nos peitos do homem.

– Não há necessidade de gritar! Seu filho está perto. – Tentou conter seus socos.

– EU IMPLORO PARA QUE ELE SUMA JUNTO COM VOCÊ! ALÍAS, ELE É SEU FILHO!! – Apontou para o menino que olhava aquela discussão com seu olhar inocente.

– Kyoka você deve ter ingerido alguma coisa. – Kazume acusou lançando um olhar de nojo apertando seus pulsos para conseguir ver aquelas marcas de agulhas sobre suas veias.

– Me solta! – Se debateu. – ME SOLTA!!?

Shin correu daquele parque vazio para ir até sua vó, sua única salvação no momento. Porém naquele domingo ela não estava em casa.

Ele guiou seu caminho até sua casa rezando para Deus cuidar de sua mãe, não queria ver ela sofrer e muito menos seu pai. Tatsuki abriu a porta devagar e correu até o quarto de seus pais, bom, lá estava sua mãe, ela dormia muito.

– Mãe? – Chamou. – Está descansando? Deve estar bem cansada.. Relaxa, Papai não está nervoso com você. – Cobriu a mesma com um cobertor. – Eu te amo, promete não bater em meu pai? Estou falando muito, né?.. tchau!

Em noites assim, seu pai nunca volta cedo para casa e foi isso até Shin completar seus 8 anos de idade, a partir dali ele percebeu que seu pai não era mais o mesmo. Bebidas, o cheiro forte de álcool que saiam da boca daquele homem, os xingamentos e insultos contra sua mãe eram muitos fazendo tudo se afundar até Kyoka ter sua primeira overdose.

Shin a encontrou desacordada no banheiro daquela casa, havia cigarros no chão, ele apenas gritou o nome de sua vó que pelo menos estava presente.

– A MAMÃE ESTÁ MORTA! E-EU VI. – Correu gritando, seus olhos rolaram lágrimas enquanto seu corpo caiu naquele asfalto quebrando um de seus dentes da frente e ralando seus joelhos.
Sozinho. Ele estava sozinho.


Ambulâncias, sangue e muitas seringas eram encontradas naquele chão branco. Os médicos diziam muitas coisas difíceis para uma criança entender, mas ele conseguiu ver que era sério quando sua vó derramou uma lágrima respondendo algumas perguntas dos médicos.

– Não, ela não é suicida.. – Apertou o corpo de seu neto que chorava pela dor em sua boca. – Minha filha é viciada.

– Sabe que tipo de droga ela usa??

– Ópio, cocaína e morfina. – Disse trêmula.


Tenho poucas memórias
Daquele dia em específico
Mas acredito que dali em diante..
Eu percebi que as coisas eram muito difíceis para mim.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐓𝐈𝐌𝐄, Suna Rintarou.Onde histórias criam vida. Descubra agora