Capítulo 01:

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Ah Gregorstaun, como começar a descrever Gregorstaun?

Acho que podemos começar pelo fato de que Gregorstaun é um colégio interno nas Terras Altas da Escócia. Eu vim parar aqui graças a uma bolsa de estudos e um coração partido, como já era de se imaginar, não é como se fosse precisar de muito mais para me convencer a sair dos Estados Unidos depois disso tudo.

Gregorstaun antigamente era o palácio/castelo (não sei a diferença) da família McGregor, mas há uns cem anos eles transformaram o lugar todo em uma escola porque a família perdeu a sua fortuna.

Meio triste, tanto que tem um descendente desses McGregor aqui, mas ele trabalha como o jardineiro.

Inicialmente só garotos podiam estudar aqui, o que pode fazer você perguntar o que diabos eu estou fazendo aqui, mas isso é bem simples de se responder. No ano passado foi anunciado que, em comemoração aos 100 anos da abertura de Gregorstaun como instituição de ensino, mulheres também poderiam estudar aqui e cá estou eu, um ano depois.

Em Gregorstaun também temos que dividir quarto e, por isso, estou dividindo um quarto com uma garota que me adotou no primeiro dia. Sakshi Worthington e seu melhor amigo de infância, Perry Fowler, me acolheram como seu projeto de caridade anual e eu não podia ser mais grata a eles, principalmente porque eu não sei se conseguiria fazer amizades sozinha no meio de todos esses filhos de lordes, duques e não sei mais o quê.

一 Acorda Millicent, estão chamando a gente pra correr de novo 一 Sakshi disse como se fosse o maior crime já visto na história da humanidade. No entanto, Sakshi já estava pronta. Vestindo a camisa e o short de educação física de Gregorstaun, Sakshi ficava mais bonita do que muitas de nós que não tínhamos seu glamour natural.

一 Eu tô indo, tô indo 一 eu murmuro, indo para o banheiro com o meu uniforme de educação física embaixo do braço.

Eu estava em Gregorstaun um mês e já estava completamente revoltada com essa palhaçada de ter que correr em volta da escola seis horas da manhã literalmente todos os dias.

Fecho a porta do banheiro e tiro o meu pijama quentinho para entrar no chuveiro gelado. Pois é, não tem água quente nesse colégio, o que é péssimo quando se está em um lugar frio pra cacete comparado ao Texas. Sakshi diz que faz bem pra pele, mas eu não sei se acredito muito não.

Meus olhos encontram o meu pulso, onde as iniciais F.G.M.B estão marcadas como uma tatuagem. É algo peculiar, na realidade, ninguém sabe bem porque isso acontece, mesmo com inúmeros cientistas tentando descobrir o motivo de termos as iniciais de nossas almas gêmeas tatuadas em algum lugar do corpo.

Meu pai tinha as iniciais de minha mãe tatuadas em seu antebraço, mas quando ela morreu elas sumiram do dia pra noite. 

As iniciais aparecem quando se completa treze anos de idade, na maior parte dos casos pelo menos. Já aconteceu de as iniciais aparecerem antes ou depois dos treze anos. As minhas apareceram um dia depois do meu aniversário de treze anos e lembro de me assustar e correr até o meu pai porque eram muitas letras.

Lembro de ficar pensando que na realidade eu tinha quatro almas gêmeas e que isso daria uma baita confusão se eu acabasse conhecendo as quatro pessoas de uma vez. Meu pai deu risada e apenas disse que se eu tivesse mais de uma alma gêmea outras iniciais teriam aparecido em meu corpo e não todas em um lugar só. Ele me disse apenas que minha alma gêmea deveria ter um nome grande e a conversa acabou aí.

O problema é que até hoje eu nunca conheci ninguém com um nome tão grande e principalmente com essas iniciais específicas. Pelo menos a minha alma gêmea não terá esse problema, minhas iniciais são só AQ.

Love Story - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora