04 | Feioso

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GOJOU SATORU

— Ela é bem peculiar, né não? — Olhei para Yaga mesmo com as vendas nos olhos.

O diretor me analisou por alguns segundos e depois voltou a atenção para o que estava fazendo, tricotando bonecos.

— O que aconteceu? Ela fez algo preocupante?

Sua preocupação era notável. No fundo sentia que ela era alguém especial seja para ele ou talvez para os de cima.

— Eu não sinto um pingo de energia amaldiçoada nela e mesmo assim ela conseguiu acabar com todas as maldições em um estralar de dedos.

— Isso é bem... estranho. Ela usou alguma arma ou algo similar?

— Uma adaga normal. Uma maldição chorou e tentou fugir dela, mas ela apenas disse algumas palavras e estralou os dedos para a maldição se explodir. Bum! — Com as mãos fiz movimentos tentando semelhar o movimento de coisas caindo. — Entendo o porquê dela não sentir nojo de matá-las, além do mais, ela foi treinada para isso. Mas nada explica o porquê dela conseguir ver maldições e até mesmo matá-las sem nem mesmo um pingo de energia amaldiçoada.

— Para mim não faz o menor sentido também. Peça a Shoko fazer alguns exames nela, principalmente de sangue. Talvez haja uma anormalidade no sangue ou corpo, fazendo com que a energia não seja detectada ou que seja o sangue dela. Você mencionou que ela falou, talvez seja um caso como o do Okutsu.

— Não acho que seja o caso. Yuuta tem mais energia amaldiçoada do que eu mesmo, mas ela não tem um pingo.

— Opa! Estão fofocando sobre mim, né. Também quero participar.

— [Nome]? — Bradamos em uníssono.

A mulher se aproximou de nós e se sentou no chão junto a nós.

Yaga pareceu se incomodar um pouco com a presença dela, já eu, achei um máximo. Não havia pessoal melhor para falar dela sem ser ela mesma.

— E então. O que estavam falando? Querem saber sobre mim, não é? Perguntem. — Trocava os olhares entre mim e o diretor.

— Como você fez aquilo com as maldições sem ter energia amaldiçoada? — Yaga Indagou.

A mulher abriu um pouco mais os olhos, parecendo surpresa. Seus olhos se fecharam e se abriram novamente, em seus lábios um biquinho foi feito.

— Eu nunca disse que não tinha energia amaldiçoada.

— O que? É impossível! Eu não consigo ver nem com os meus olhos. — Bradei.

— Hum... — Pensou. — O que você faz para sair água de uma torneira?

— Abro a torneira.

— Exatamente. Eu fecho a torneira e só abro quando eu necessito.

Yaga prestava atenção em cada detalhe de suas palavras e eu também. A explicação era meio estranha demais, mas era estranhamente eficaz.

— Está dizendo que você esconde a sua energia amaldiçoada?

— É uma boa teoria já que os meus olhos não conseguem ver.

— Na verdade eu só não uso. Eu não vejo o porquê usar, só uso quando necessário, ou seja, raras vezes. Até hoje só usei uma vez e foi para treino, então, não sei se é realmente eficaz ou não.

Que loucura era aquela?

— Do que está falando? Pelo relatório, você explodiu maldições. Se não usou energia amaldiçoada, então como fez isso?

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