Capítulo 3

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O sol estava quase se pondo quando London terminou os estudos

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O sol estava quase se pondo quando London terminou os estudos. Ele observou a vista privilegiada do segundo andar da enorme casa, onde a janela do quarto emoldurava o azul do céu se fundir com os tons de laranja e roxo do entardecer.

Dando passos quietos apesar do salto alto, Dahlia encostou o corpo no batente da porta e observou o irmão mais novo observar nada em particular.

Os dois eram parecidos fisicamente, embora tivessem idades e pais diferentes. Ambos eram bastante altos e tinham herdado vários traços em comum com a aparência da mãe, como o cabelo castanho-escuro liso, os olhos da mesma cor, o maxilar bem definido e a pele de um tom bronzeado.

Dahlia esperou sua presença ser notada, mas a concentração do irmão estava em outro lugar e ele estava distraído, perdido em pensamentos inalcançáveis.

– Ainda está aqui? – perguntou.

A voz profunda ecoou pelas paredes cinzas do quarto e chegou até London, e a luz do pôr do sol refletiu no rosto dele quando enfim notou a presença da irmã e sorriu para ela.

Ele era a única pessoa em Lumina Valley de quem sempre sentia falta quando estava longe, e a saudade era como uma dor no peito. Ele era o único que também sentia falta dela, e o motivo para ela sempre retornar.

– Há quanto tempo você voltou?

London abraçou forte a irmã.

– Alguns dias – ela respondeu. – Mas eu não voltei, é só-

– Só por um tempo. É, eu sei.

Dahlia segurou o queixo do irmão e procurou por mudanças na aparência dele, durante as semanas em que ela estava longe. Ela lembrou da mãe fazendo a mesma coisa com os dois, sem falta, todas as vezes que voltava do hospital; uma mão no queixo de cada filho e a cabeça alternando entre os dois, procurando os sinais de que "tinham, de fato, crescido" enquanto ela estava longe. Na visão de Dahlia, segurando o queixo do irmão, os dois se tornaram crianças mais uma vez, os olhos castanhos enormes aguardando a mãe chegar em casa.

Dahlia desviou o olhar do rosto dele. Aqueles momentos se foram há muito tempo.

Ela sentou-se no banco do piano, de frente para a janela, ajeitou a postura e posicionou os dedos, mas não ousou tocar as teclas.

– Como foi a volta às aulas? – perguntou.

London guardou o livro de francês, que esteve estudando a tarde inteira após a escola, na estante, cheia de revistas e livros importados, todos comprados pelo pai. Não que tivesse lido algum deles ou mesmo se interessasse por eles. Os altos e baixos do mercado financeiro, a situação estressante do comércio interior, a história do capitalismo, a administração de bens e o histórico do capital estadunidense não eram exatamente seus tópicos de interesse pessoal. Na verdade, se o quarto tivesse sido decorado por London, muitas coisas não estariam mais ali. Talvez nem existissem muitos livros na estante, apenas revistas em quadrinhos e histórias irreais poderiam estar na seleção.

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