Capítulo 2

48 7 2
                                    

Sem revisão

26/01/2024

Capítulo 2

༻▵△▵༺

- Tivô, acredito que o senhor estava realmente certo. - Volta o cão arrependido com o rabo entre as pernas, e nesse caso eu sou o cão. - Não na parte da saudade, não vejo o menor resquício de sentir falta de seus iguais. Contudo, concordo sobre ele não ter colocado fogo de propósito, acho que pode ser real.

- Teimoso como sempre, devo dizer. Mas acho que você não deveria levar o poema de forma tão literal. Talvez sentir falta seja algo como... ter se arrependido de não ter achado uma alternativa melhor para a execução de seu plano, por exemplo, uma alternativa que não matasse todos e que ele sempre pudesse voltar quando tivesse vontade. Já parou pra pensar que ele talvez tivesse uma família?

Fiquei em silêncio, pensativo. Eu sabia que aquela pergunta fora feita mais para me fazer pensar do que para ser respondida de imediato.

Nunca parei para refletir na possibilidade de Bill já ter tido uma família. Isso não diminui o que ele fez, mas pensar que ele já foi normal, um ser que não era demoníaco, me fazia queimar alguns neurônios...

E mais: Há quanto tempo ele não dizima mundos tentando aliviar essa culpa? Será que não há nenhum parente vivo?

- Dip, você já voltou! Vamos! Enquanto você me conta o que rolou lá embaixo, me ajuda a plantar aquelas flores no canteiro, por favor? - Minha linha de raciocínio foi cortada, mas eu ainda me sentia muito afetado por tais questionamentos.

Tanto que eu mal pude responder Mabel, afinal ela já me arrastava para fora de casa e me entregava um par de luvas.

De relance, vi Ford e Stan descendo para o porão.

- Mabel, tem certeza que é uma boa plantar essas coisas em volta da casa? - Perguntei genuinamente. Ela queria plantar ornélias mordedoras. E elas nem são carnívoras, contudo elas mordem... e cospem, caso arranquem um pedaço.

Estive estudando essa espécie recentemente, quando estive aqui há alguns meses no último verão. Muitas plantas por aqui têm atividades peculiares e propriedades interessantes. Ela não é a única que venho colocando em meu diário dedicado apenas a anomalias que eu classificaria como sendo do Reino Plantae.

Tomando muito cuidado, ponho elas nos locais demarcados previamente por Mabel. Enquanto conto o que eu discuti com Bill.

Porém, continuando a explicação sobre essas adoráveis plantas: jerívos são extremamente parecidas com ornélias, pois ambas mordem, mas, em contraponto, as jerívos são conhecidas por serem extremamente venenosas. A vantagem é que ela se alastra vagarosamente pelo corpo humano, a desvantagem é que você não sente as sequelas do veneno até... morrer.

Peguei uma muda e observei a raíz azul, cuja é a única forma de diferenciar uma da outra, para verificar se Mabel pegou a espécie certa.

Refleti um pouco sobre elas, repassando algumas informações que coletei e, então, algo como uma chavinha se virou na minha mente.

- Mabel, qual é a chance daquela mordida no Bill ser de uma ornélia? - Pergunto a ela já alarmado.

- Ah, não sei bro-bro, há muitas plantas que mordem. Inclusive tem aquela que você me disse que é vene... Bro-bro, qual é a chance de ser uma ornélia? - Ela devolve o questionamento com medo da resposta.

- Mabel, se for um jerívo, temos pouco tempo. - Ela concorda prontamente. - Escuta com atenção, você precisa achar um cogumelo neon. Geralmente, ele fica nas portas de casas de fadas. Vou calcular a média de tempo que ele ainda tem e retardar o envenenamento o máximo que eu conseguir.

O pomboOnde histórias criam vida. Descubra agora