Capítulo 06 - O Assalto

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Meus pais não demoraram muito para voltarem à ficar juntos de novo. Meu pai trabalhava como autônomo e minha mãe como diarista, eu e minha irmã apenas ajudavamos nos deveres de casa pois éramos novas demais para trabalhar.

Meus dois irmãos Márcio e Maciel trabalhavam junto com meu pai. Eles saiam sempre para trabalhar no sábado de madrugada. Eu e minha irmã ficávamos em casa com minha mãe que sempre ajudava eles à arrumar as coisas antes deles saírem.

Eu dormia em um quarto com minha irmã, cada uma na sua cama e meus dois irmãos dormiam no quarto deles.
Meu pai tinha uma oficina onde concertava de tudo, ventiladores, chapinhas, liquidificadores... bom, ele concertava tudo.

Um dia eu acordei com o meu irmão Maciel deitado do meu lado na minha cama, eu estranhei porque ele tinha o quarto dele. Quando eu perguntei:
- Maciel, o que você tá fazendo aqui?

Ele respondeu sussurrando:
- Mércia fica quieta, que é um assalto!

Nesse momento eu escutei um barulho de pessoas correndo e se debatendo na sala, de repente escutei um barulho de tiro e a voz do meu pai gritando:
- Corre Márcio, reage!!!

Escutei uma correria pela cozinha, onde ficava o meu quarto e da minha irmã, escutei uma voz estranha de homem falando:
- Não reage porra, vamos te matar!

Levei um susto quando vi meu pai caindo na porta do meu quarto, que não tinha portas, era apenas uma cortina que cobria o lugar onde deveria ficar a porta. Eu vi alguém rasgando a cortina e batendo muito no meu pai, vi minha mãe no chão caída e o meu irmão também.

Os bandidos que estavam batendo no meu pai estavam drogados. Um deles viu eu e meus irmãos no quarto e falou:
- Uuuh, olha o que temos aqui...

Eu peguei um crucifixo e comecei a orar chorando. O bandido sentou do meu lado na cama e disse:
- Calma, eu não vou fazer nada com vocês.
Ele pegou a arma e falou pro meu irmão:
- Tá com medo brother? Olha minha arma, pega ai maluco.
Ele mandou meu irmão segurar. Do nada o bandido começou à tirar o dinheiro que tinha roubado do meu pai e disse que era meu. Eu recusei chorando e ele começou a gritar mandando eu pegar. Eu peguei e ele saiu do quarto tomando a arma do meu irmão, dando chutes no meu pai ao chegar na porta.

Meu pai me olhou irreconhecível, eu não sabia o que fazer à não ser chorar e orar. Ele me olhou e disse:
- Calma, vai ficar tudo bem.

E eu falei chorando:
- Pai, eu te amo.

Eles começaram a gritar com o meu pai:
- Lembra? Nós somos vagabundos e você é pai de família! Agora a gente vai te matar.
Eles colocaram a arma na cabeça do meu pai e apertaram o gatilho mais de 3 vezes, mas por milagre a bala não saiu em nenhuma das tentativas. Eles ficaram furiosos quando viram que tinham atingido minha mãe com um tiro na perna e começaram a bater ainda mais no meu pai.

Eu gritei chorando:
- Para de bater nele, pelo amor de Deus, para por favor!

O bandido disse:
- Ah, você quer que eu pare? Então me devolve o dinheiro que te dei!

Eles começaram a pegar as coisas, eu sabia que não eram apenas 2 ou 3 pessoas, porque pela movimentação que eu escutava na casa, eram mais de 10 bandidos. Eles estavam tão drogados que levaram uma tv quebrada e deixaram a boa no meu quarto. Eu rezava e pedia para Deus tirar aqueles caras da minha casa.
Um deles gritou pro meu pai dar 2 mil reais que ele supostamente tinha na casa, mas meu pai não tinha e negou.
O bandido falou:
- Então tá coroa, "vamo" levar a morena com "noiz" então.
Era de mim que eles estavam falando.

O chefe deles mandou um dos caras me pegar, ele mandou eu me levantar, colocou a mão na minha boca e a arma na minha cabeça. Nesse momento eu senti o cano quente e a respiração horrível do bandido no meu rosto.
Meu pai tentou gritar como podia:
- Por favor não levem ela, deixem ela aí, eu juro que não tenho mais nada aqui.

O bandido me olhou e disse:
- Beleza, deixa a garota aí, "vamo" levar ninguém não.

Quando se passou mais de 1 hora, um deles falou:
- Olha aqui porra, a gente tá indo embora, agora se vocês chamarem a polícia, "noiz" volta e mata todo mundo!

Eles começaram à sair, trancaram a porta e jogaram a chave para dentro de casa por debaixo da porta. Eu e meus irmãos nos levantamos e fomos ajudar meus pais. Minha mãe sofreu um tiro na perna, que por milagre de Deus, não atingiu nenhum osso. Nós vimos que os bandidos não tinham levado o celular da minha mãe, então meu pai ligou para um amigo dele que chamou o Samu.

O lugar que eu morava, tinha tanta fama de ser perigosa, que o samu teve que ser escoltada pela polícia. Eles levaram meus pais, e eu junto com meus irmãos ficamos na casa dos vizinhos que disseram não ter escutado nada. Eu não consegui dormir por 2 dias pois toda vez que eu fechava os olhos, só via a imagem dos bandidos.

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