Série: Um Natal Mágico (Prévia)

Livro 1 (Cap. 1)

Um estranho e bonito derrama café em mim e quer ir para minha casa.

A época do natal para mim já foi mais animada. Eu adorava enfeitar a árvore-de-natal com minha mãe. Amava fazer doces natalinos, os quais eu amo de paixão. Sim, amava! Pois, foi em uma época assim que perdi a pessoa que mais amava. Foi, necessariamente, devido a essa época que ela partiu.

Ver minha tia animada para o natal, apesar de ser bom, me parte o coração, pois exatamente na noite do natal, completará 1 ano que minha mãe partiu. Não que ela não lembre, assim como perder uma mãe é difícil, perder a irmã gêmea é mais ainda, mas ao menos ela está tentando seguir em frente, diferente de mim. De fato, não causei o acidente que a matou, mas ela morreu e eu continuei vivo, apenas com ferimentos leves. Nem lembro bem das coisas, apenas flashes como: pista, carros, luzes e o carro capotando. Depois perdi a consciência e acordei no hospital, posteriormente soube que ela não havia sobrevivido. O natal, que deveria ser uma época feliz, se tornou sombrio.

— Vai sair, meu querido? — Tia Ângela pergunta. Ela está enfeitando a árvore-de-natal. Ela está vestindo um suéter, mesmo sendo verão no sul do Brasil.

— Uhum. — Murmurei em resposta e saí de casa. Moramos em casa na Vila Real - Balneário Camboriú -, é nossa casa. Sou finlandês, nasci lá, mas minha mãe e minha tia se mudaram para o Brasil, em especial o sul do Brasil, quando eu tinha dois anos. Aprendi os dois idiomas - Sueco e português - e ainda, o espanhol.

Todas as pessoas estão em clima natalino. Algumas passam com sacolas cheias de decorações, outras voltando apressadas do trabalho. Apesar de ser noite, o céu está bem limpo e até posso ver algumas estrelas. Eu costumava apreciar as estrelas com minha mãe... ela faz tanta falta. Queria voltar no tempo e não querer voltar para casa, o que ocasionou o acidente. De fato, não foi culpa minha, foi um acidente, mas se eu... melhor eu parar, como minha psicóloga disse "procurar um culpado não vai mudar nada."

— Comprou a carteira? — Berro para um carro que entrou na rua sem dar seta. Esse pessoal parece que comprou a carteira de habilitação, pois dar a seta antes de entrar nas ruas é o correto, mas insistem em ligar a seta apenas quando já está virando a rua. Por acaso tenho bola de cristal para saber quando os carros vão ou não entrar?

Caminho sem destino pelas ruas. Paro em uma conveniência e comprar um refrigerante. Me sinto angustiado e ansioso. Falta apenas uma semana para o Natal e já estou assim, imagina quando chegar de fato, essa data. Mesmo após grande e sabendo que o Papai Noel é apenas uma "lenda", me acostumei a fazer cartinha pedindo as coisas, e na noite de Natal, o que pedia, sempre estava lá. Minha mãe adorava o Natal, além do nascimento do menino Jesus, era a época de reunir toda a família, apesar de ser apenas nós 3. Íamos às missas, ela montava o enredo das peças e eu fazia toda a decoração, pois sempre fui bom com essas coisas, além de fazer o marketing da peça, qual arrecada dinheiro para um orfanato. Falta apenas 2 anos para eu me formar em marketing.

Observo o mar à minha frente e sinto a brisa fria me abraçar e aliviar um pouco da minha ansiedade. De tanto andar, acabei parando na praia. Há um shopping aqui perto, apesar de ser pequeno, tem algumas lanchonetes, por isso, caminho em sua direção. Passo pela praça Tamandaré, que está toda enfeitada, com uma árvore gigante de luzes coloridas. Alguns Papais Noel de papel e caixas de presentes. Bobos.

Encaro o grande edifício que fica o shopping e piso na escada, para entrar pela porta principal, quando alguém esbarra em mim e derrama a coca toda em minha roupa. Levanto a cabeça lentamente e encaro o indivíduo que causou o acidente. Perco o ar ao encarar os olhos quase dourados. Isso sem falar dos cachos volumosos e verdes. Sobre o corpo do homem, o que dizer? Ele é lindo, isso é tudo que consigo pensar.