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   Eu e Black andamos nos evitando nos últimos dias e eu estava apreensiva porque eu gosto dele sabe, não só romanticamente, ele é um cara legal mesmo. Ele foi meio babaca mas todo mundo vacila.

   Estou sozinha na comunal da grifinoria e não faço ideia do horário que seja. Só sei que é de madrugada. Amanhã é sábado e dia de ir a hogsmead mas eu estou completamente sem sono e resolvi descer para ler um pouco mas mal consegui pregar os olhos no livro. Eu só penso nele.

   Ele invadiu todos os meus pensamentos.

   E chegou em um nível em que eu pensei estar delirando quando o vi descer as escadas do dormitório masculino acendendo um baseado e eu pisquei duas vezes até entender que ele realmente estava ali. E estava lindo com uma camiseta grande de alguma banda na qual nem me preocupei em identificar e uma calça preta.

   Ele ia passar reto mas seu olhar me encontrou e ele fez uma cara confusa soltando a fumaça pela boca

— Tá fazendo o que aqui? — ele perguntou vindo em direção ao sofá que eu estava deitada mas sua voz estava estranha parecia meio chorosa

— Nada. Só lendo — fechei o livro e sentei — O que houve com você? Sua voz tá estranha

— Ta normal Julie — ele olhou para baixo levando o baseado aos seus lábios e só por esse movimento pude entender que não estava tudo bem

   O fato de Sirius olhar para os próprios pés era estranho. Ele tinha um queixo empinado e um olhar certeiro mas agora ele parecia confuso e triste. Eu sei que deveria estar nem aí mas o vê daquele jeito mexeu de alguma forma comigo.

— Não sei por que mas algo me diz que você não está muito legal — coloquei os pés no sofá e olhei para ele que só suspirou e sentou no lugar do meu lado e ficou alguns segundos em silêncio e o primeiro som a sair da sua boca foi um soluço e eu fiquei sem reação

   Ele levantou o rosto olhando pra mim e seu rosto estava vermelhinho e com os olhos inchados e pude ver uma lágrima descendo do canto de seu olho

— Six... — minha única reação foi abraçá-lo apertado e ele começou a chorar mais — shi shi, eu tô aqui, tá tudo bem

   Seus braços me rodaram e sua bochecha foi em encontro ao meu ombro  onde eu já sentia suas lágrimas frias passarem pelo tecido fino da minha blusa de pijama. Eu só consegui rodar meus braços em seu pescoço. Eu queria o acolher eu queria fazer com que ele se sentisse em casa. Mas não a sua casa.

   O que uma verdadeira casa deveria ser.

   Nosso abraço foi longo e carinhoso. Eu poderia ficar ali pra sempre. E foi como me senti, senti que o tempo em que ele esteve em meus braços foi uma eternidade. Mas não que isso tenha sido ruim.

   Quando sua respiração regulou ele finalmente se dispôs a falar

— É minha família sabe. Tem sido mais difícil depois que a guerra parece estar prestes a começar, — ele se afastou mas não deixou de me abraçar — agora eles querem mais que tudo que eu entre pros comensais da morte ou sei lá como eles se chamam. Mas eu não vou, Julie. Não vou fazer isso, não sou como eles. Mas hoje eles simplesmente aparataram aqui um pouco depois do jantar e... — ele pareceu querer voltar a chorar

— Calma, tá tudo bem — sorri reconfortante pra ele mesmo sentindo meu coração se partir

— Depois de negar de novo para eles meu pai simplesmente soltou um crucio em mim — travei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas — foram minutos Julie, mas foram tão horríveis. Eu já tinha me acostumado a eles me baterem mas um crucio... — ele baixou a cabeça finalmente se soltando de mim

Maldito Black || Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora