Eu escutei a porta da sala de aula abrindo.
Era ele, Liam, o garoto que eu me apaixonei loucamente apenas por um copo d' água.
Acordo para o primeiro dia de aula do segundo semestre, curso moda na Universidade de São Paulo, meu nome é Theo e tenho 23 anos.
-Bom dia, pai. - Digo um tom baixo.
-Hm. - Ele apenas murmura.
-Onde está a mamãe?
-Não me pergunte onde ela está, nem eu sei, que idiotice! - Ele grita.
Fico parado por exatos 7 segundos, a maioria dos dias são assim, tenho brigas constantes com meu pai por conta da minha mãe alcóolatra.
Apenas pego um copo de suco de laranja e levo frutas comigo para a universidade, não perco meu tempo dentro daquela casa para tomar um estúpido café da manhã.
Eu chego na Universidade e já vou atrás da minha sala de aula. Ando correndo para não perder a oportunidade de escolher meu assento, afinal, quando se trata de primeiro dia de aula, todos querem escolher os melhores assentos.
Abro a porta da sala de aula, havia alguns alunos esperando dar o sinal, me sento próximo a porta, no meio, é o melhor lugar para dormir e também enxergar a lousa.
Organizo minhas coisas, outras pessoas vão chegando, até que a porta se abre rápidamente, foi neste momento que eu congelei após ver quem era, Liam Durant.
Tudo começou numa festa da Universidade, comemorando o final do primeiro semestre, era apenas uma festa boba de universitários, e eu estava lá.
Tenho problemas com situações sociais por ser muito introvertido e tímido, e algumas fobias sociais devido a traumas passados, mas eu fui apenas para não ser considero chato na turma, não diria que foi um erro, pois foi lá que conheci o homem que mudaria minha vida, que mudou tudo em mim.
Bebi alguns drinks e comi um pouco, estava ficando meio inconsciente, mas ainda não tinha acabado a festa, alguns alunos continuavam me chamando para beber, dançar e tirar fotos com eles, mas não podia fazer tudo de uma vez, o que acabou me sobrecarregando, corri para o banheiro do salão, e comecei a chorar na pia, eu estava tremendo, com dor de cabeça e a música estava ecoando na minha mente.
-Você certamente não parece bem. - Ouço uma voz atrás de mim.
-Eu estou bem, só um pouco sobrecarregado... - Digo cobrindo meu rosto.
-Seus olhos são bonitos, consigo ve-los pelo reflexo do espelho, gostaria de um copo d' água?
-Ah! - Fico envergonhado por não ter visto o espelho - Pode ser, por favor.
-Me espere aqui.
Esperei por 2 minutos dentro do banheiro, havia alguém vomitando lá dentro, foi constrangedor mas é uma festa com bebidas então ignorei.
-Aqui está - Ele me entrega um copo com água.
-Muito obrigado.
Enquanto eu bebo, ele não retira os olhos de mim, me senti incomodado mas não falei nada, ele me observava profundamente e olhava nos meus olhos como um predator.
-Está se sentindo melhor? - Ele sorri.
Sua aura muda completamente, é como se ele fosse duas pessoas diferentes.
-Sim, muito obrigado.
-Meu nome é Liam Durant, se precisar de algo, me encontre na faculdade de Direito da USP, sou representante de classe.
-Ah, claro!
Ele sai do banheiro.
Eu me sinto bem?
Eu estou tão bem, me sinto leve, não sinto meu corpo, que nome bonito, eu poderia observa-lo por horas, ele me fez eu me sentir bem, me fez sentir amado, nem que seja pelo minímo..
Que merda você está pensando, Theo? Você nunca foi amado de verdade, ele apenas está tentando ser gentil, ele é um representante de classe.
Foi o que eu pensei, até chegar em casa e pesquisar sobre eles nas redes sociais da escola.
Passei a maioria das minhas férias olhando suas fotos no Instagram, pesquisando sobre seus interesses, gostos, e descobri bastante coisas.
Liam Durant, 24 anos, cursa Direito na USP, gosta de karaokês, bares chiques, vem de uma família prestigiada, é representante de classe, popular entre os estudantes, bem vestido, com cabelos longos loiros muito hidratados com Alfaparf Milano.
Céus, como pude estar tão focado em alguém...
A maioria dos dias, eu ficava estudando, mesmo sendo férias. Saía para estudar na biblioteca ou na cafeteria perto de casa.
*Na cafeteria*
-Seja bem-vindo, Theo! O que gostaria de pedir?
-Bom dia, Vanessa, eu gostaria de um café gelado, por favor.
-Claro, é para já! Fica R$13,00.
-Por favor, no débito.
Realizo o pagamento e me sento em uma mesa de canto, esperando meu pedido.
Eu sentei, peguei meus livros, e os encarei por um bom tempo na mesa, me sinto solitário dessa forma, é frustrante, eu tenho muitas coisas na minha mente, que chegam a explodir lá dentro, eu vou morrer deste jeito.
-Você parece mal, está tudo bem? - Vanessa pergunta colocando meu café gelado na mesa, posicionado no canto, para não derramar nos livros.
-Ah, eu estou, eu estou bem. - Sorrio falsamente para ela, eu sei que ela não acreditou naquele sorriso mas não poderia insistir, afinal, eu não tenho o que falar sobre minha saúde, nem física e nem mental.
-Tenha um bom café e bons estudos. - Ela volta para o balcão.
Ver ela andando para o balcão devolta, me fez me sentir mais idiota, eu deveria fazer algo mais importante, assim, comecei a estudar, não tirei os olhos dos livros por um segundo, que estúpido eu sou.
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A Little Death by The Neighbourhood
RomanceRomance aquileano, obsessivo e melancólico. Aviso: a história vai ter gatilhos de: crises, assédio, violência, obsessão, etc.