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Pov: Nix

Corri sem parar pelo beco extenso e escuro, sentindo as minhas pernas sangrentas bambearem, quase me fazendo perder o equilíbrio.

— Deixe-me em paz! – Gritei com a voz falha e embargada, deixando com que as lágrimas salgadas adentrassem a minha boca.

O homem continuava andando com um sorriso ladino no rosto. A cada segundo passado, mais apavorada eu ficava.

Fui impedida de fugir quando dei de cara com o fim do beco, deixando-me com a respiração desregulada.

Eu já sabia que aquele seria o meu fim.

O meu corpo cansado caiu no chão, fazendo com que as feridas a mostra se abrissem mais, fazendo-me urrar de dor.

Ele chegava mais perto, o meu pânico aumentava.

"Céus, eu vou morrer!", penso em meio ao caos.

O homem parou na minha frente, fazendo com que eu pudesse observá-lo com "calma".

Ele é alto. Muito alto. Corpo musculoso, um rosto bonito com uma expressão irônica e sempre com um sorriso sarcástico no rosto... Sim, ele é bonito.

"Deixe disso, Nix!", penso novamente.

Ele levantou o machado e fincou-o em mim.

...

Espero alguns segundos e nada acontece.

"Eu não morri?"

Em um misto de loucura, sou sacudida por alguém, fazendo-me voltar à realidade.

— Nix, dormindo novamente? – A professora Karen perguntou, fazendo-me sorrir com vergonha.

— Perdão, eu acabei madrugando na noite passada. – Murmuro baixinho, enquanto contava a mentira.

O que houve na noite passada foi muito pior.

— O que você faz ou deixa de fazer não me interessa, senhorita. Agora vá rápido ao banheiro e lave esse rosto. – A professora afastou-se rápido de mim e levantou o olhar para todos os alunos, logo depois dizendo: – E vocês! – Ela apontou para a turma. – Não sigam o exemplo da Nix, a não ser que queiram ir bater um papo com a diretora.

Suspiro e reviro os olhos, levantando da cadeira e saindo da sala, indo à procura do banheiro.

Sou "nova" nessa escola, mas não porque acabei de chegar, e sim porque vivo faltando.

Estou fazendo o meu último ano escolar, com os meus dezoito anos batendo a porta. Eu não sou uma aluna faltosa porque quero, mas por problemas pessoais.

Vivo em uma realidade de merda, onde não posso aproveitar a minha juventude. Não digo isso por causa de festas, pelo contrário, não gosto muito, porém sempre vou quando a oportunidade vem.

A minha convivência com os meus pais é uma merda. Na verdade, a convivência com a minha mãe, pois o meu pai morreu na minha frente quando eu tinha apenas dois anos.

Two facesOnde histórias criam vida. Descubra agora