Capítulo 2 • Apaixonada é uma palavra muito forte •

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— Desculpe, me desculpe. Você está bem? — Uma voz rouca e familiar reverberou próximo de mim, chegando até meus ouvidos, mais lentamente do que alcançou meu coração, fazendo as palmas da minha mão suarem.

Porque sim, eu conhecia o dono daquela voz. A ouvira diversas vezes ao cruzar o corredor da escola, e só Deus sabe o quanto desejei ouvi-lo mais de perto quando estudávamos a Bíblia e ele se empolgava em suas explicações. Conhecia também aquelas íris castanhas que miravam os meus olhos com expectativa. Aquele cabelo castanho claro bagunçado que eu tinha curiosidade em passar a mão.

Meu coração pareceu subir para minha garganta. Sentia que a qualquer momento iria começar a rir de nervoso, apesar da sensação de que meus músculos faciais se quebraram junto com o meu nariz. Na verdade, parecia que a qualquer instante eu iria começar a chorar.

— Você está bem, Emília? Deixe-me ver se machucou.

Fiquei estática, paralisada com uma mão segurando a bíblia e a outra os envelopes ao mesmo tempo em que apertava com os dois dedos indicadores meu nariz.

Tudo o que meu cérebro conseguia fazer era entrar em um curto circuito repentino e repetitivo: "Rafael falou meu nome! Rafael falou meu nome! Rafael falou meu nome...". Por quê, sim, caro leitor, ele disse o meu nome e nunca percebi como um nome tão comum e simples poderia soar tão lindo e doce na voz de alguém.

Sem esperar pela reação do meu cérebro para lhe dar a minha permissão verbal ou um balançar de cabeça, os dedos dele tocaram os meus e levou todo o esforço do mundo para não surtar ainda mais quando suas mãos frias seguram as minhas. Queria me mexer, me afastar, fazer qualquer coisa, mas nenhuma parte do meu corpo cooperava ao meu favor. Eu simplesmente continuei ali, paralisada, com o olhar assustado grudado nos olhos dele. Eu me sentia incapaz de respirar direito, não só porque continuei a pressionar os dedos sobre meu nariz, mas também porque meus pulmões estavam travados, como se tivesse desaprendido sua função mais básica.

"Inspirar, expirar, inspirar, expirar", instrui a mim mesma, mentalmente, numa tentativa de não parecer mais esquisita que normalmente sou.

Algo me dizia que se não fosse capaz de controlar essas emoções ridículas que se instalou por todo o meu corpo, a morte me visitaria naquela manhã.

Querido Pai | Série Sonhos de Meninas | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora