Capítulo 1 • Um coração à procura de concerto •

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A professora Fabiana me colocou para fazer a leitura da palavra

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A professora Fabiana me colocou para fazer a leitura da palavra. De novo. Recitar os versículos da Bíblia antes da lição ser aplicada nunca me deixou nervosa, mas naquele domingo eu tinha dois terríveis motivos para estar com os nervos à flor da pele.

Aposto que até você aí, querido leitor, não entendeu porque ler alguns versículos seria tão apavorante. De fato, para compreender é preciso uma breve explicação, e eu lhe darei.

O primeiro e talvez, o mais inconveniente dos motivos, seria que o Rafael estava na mesma sala que eu. Quero dizer, todos os garotos estavam na nossa classe da escola dominical, afinal, era o último domingo do mês e as duas turmas eram colocadas para ser uma só, com garotos e garotas. O problema talvez fosse os olhares que ele me lançava sempre que cruzava com os meus, o que obviamente, era apenas coisa da minha cabeça. Era provável que o Rafael estava se perguntando porque a eloquente da turma não estava lendo nada ainda; ou talvez, ele fosse vesgo. Mesmo que, até onde eu sabia, sua visão era perfeita. Ou quase, já que às vezes ele usava óculos de leitura, o que o deixava muito mais bonito do que ele já era. Mas como essa informação não é importante, então risca isso.

O segundo motivo, era que tanto Fabiana quanto o professor Luís esperavam que eu fosse a oradora do recital no dia dos pais na escola dominical. Contudo, você deve anotar isso, pois não, em hipótese alguma, eu iria cair na armadilha de dizer o quanto amava alguém que sequer sabia o nome, aparência ou qualquer outra informação além de que um dia ele existiu.

Você tem noção do quanto isso seria absurdo? Eu, aquela que não faz a mínima ideia de quem seja o pai, falando como amava o dia dos pais e consequentemente, o próprio pai. Completamente ilógico.

E ainda tinha o Rafael.

O Rafael.

Naquele momento, eu queria que uma cratera se abrisse abaixo dos meus pés e me engolisse por inteira. Também queria que o alarme de incêndio disparasse e que eu pudesse sair correndo, longe o bastante para que meu coração pudesse voltar a funcionar do jeito certo. Queria ser transportada para as páginas do último livro que li apenas para não continuar a ser taxada como a apaixonada que não conseguia falar com o garoto que gosta. O que seria impossível, ridículo e improvável. Nem dá para dizer o quão absurdo essa baboseira toda era. Eu não estou apaixonada pelo Rafael. Eu também sou uma garota crescida o suficiente para lidar com uma situação como essa, mesmo sabendo que se estivesse em Nárnia¹, eu seria muito mais feliz e coisas sem importância como esse ou aquele sentimento não me afetaria porque Aslam me daria uma missão tão extraordinária quanto eu sou.

Querido Pai | Série Sonhos de Meninas | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora