Frank
"Com todo o respeito e eu já o avisei imensas vezes Senhor Miller, mas ou os lucros sobem ou o zoo fecha." Cross, fala bufando imensas vezes deixando-me irritada.
"Tem mesmo a certeza que não quer aceitar a oferta? Nós estamos dispostos a pagar pelo seu zoo e nem assim você aceita! Estão á beira da falência, por amor de deus! Você é estúpido?!" Fala dirigindo-se ao meu pai que continua calado.
"Ei! Olhe lá, só por ser o Grande Imobiliário Cross, não significa que pode tratar as pessoas como quer está a ouvir? Nós vamos arranjar uma solução acredite em mim! Nós vamos evoluir e vamos aumentar o número de funcionários. Vamos continuar a tratar dos 150 animais tal como nos anos anteriores! Nós vamos fazer espetáculos e fazer publicidade! As pessoas vão aparecer e o zoo vai continuar por mais longos anos, está a ouvir? Não pense que vamos desistir de tudo apenas pelas suas ameaças psicóticas! Nós vamos salvar este zoo e nunca na vida você irá construir um centro comercial aqui! Não enquanto eu for viva! Por isso pode ir a correr dizer ao seu amiguinho Joseph, que não será tão fácil como vocês pensam! E diga-lhe que eu mando cumprimentos!"
Empurro Cross para fora de casa e fecho a porta com imensa força, encostando-me á mesma com os olhos fechados.
Cross tem á volta de 35 anos, mas tem uma conversa de velho. Ele está sempre a ameaçar-nos em conjunto com Joseph, o dono do Zooland - um outro zoo que quer os nossos animais, que segundo ele, são lendas devido aos anos de existência.
Os passos do meu pai são ouvidos e eu abro os olhos vendo-o sentar-se nas escadas.
"Não vamos conseguir, querida." Suspirou.
Mas porque raio é que toda a gente perde a esperança? Porque é que não podem simplesmente acreditar que há uma oportunidade? Que nós podemos fazer com que dê certo? O zoo não pode fechar agora! Não na minha geração! Isto é a minha vida. E tirarem-me o zoo é como se me matassem.
"Pára! Pai, onde é que tu andas? Tu sempre acreditaste que era possível! Tu sempre me disseste para nunca desistir, para lutar até ao último segundo! Eu estou, então e tu? Porque não o fazes?"
"Eu não consigo. Eu tento. Eu tento acordar com vontade de fazer as coisas e pensar positivo, mas eu sei, lá no fundo, eu sei que nunca na vida dará certo. Temos pouco dinheiro, filha. Não vamos conseguir aguentar os animais por muito mais tempo! O Grill está doente, temos que ter alguém a tomar conta dele a toda a hora, para lhe dar os remédios, para o acarinhar, para brincar com ele. E não temos gente para isso!"
"Eu estou aqui para isso! Eu passo a maioria do meu tempo com ele!"
"Mas então e as outras coisas, Frank? Dar de comer aos outros 149 animais? Dar-lhes banho? Precisamos de pelo menos um funcionário, e nós nem o salário mínimo podemos pagar a essa pessoa!"
"Posso tentar?"
"Tentar o quê?"
"Tentar encontrar essa pessoa? Há de haver alguém. Uma alma que trabalhe nem que seja por 100 euros por mês para pagar os estudos. Não desistas, por favor." Peço e sento-me ao seu lado dando-lhe a mão. "A mãe iria odiar isso." Declaro e os seus olhos fixam-se em mim.
Nunca cheguei a conhecer a minha mãe. Ela morreu ao dar à luz. Aparentemente, ela ganhou muitos problemas ao engravidar. Era uma mulher frágil e tinha tendência para contrair doenças muito facilmente.
O meu pai ganhou uma depressão enorme, e honestamente, acho que ainda não recuperou. Não o culpo, ele amava-a.
No entanto sei muitas coisas sobre ela. O meu avô Austin, fala-me muitas vezes sobre ela. O quanto ela adorava este zoo quando era pequena, e dizia até que havia de se casar aqui. Acreditem, ela casou!
Fico triste quando penso nela pois sei que fui a causa da sua morte. Não que eu tivesse culpa, (eu não me culpo como é óbvio), mas fico involuntariamente triste. Afinal, era minha mãe embora eu nunca a tivesse conhecido.
É raro o meu pai falar sobre ela mas quando lhe perguntava por ela quando eu era mais nova, ele respondia sempre que ela tinha ido viajar durante alguns anos mas que quando voltasse me ia trazer um presente tão mas tão grande, que ia chegar até ao céu. E eu sonhava todas as noites, feliz, com o que poderia ser o presente.
É engraçado, porque ela chamava-se Frank tal como eu. Nome de rapaz, eu sei. E o meu pai e avô deram-me o seu nome em forma de homenagem, o que eu achei lindo.
"Eu sei. Ela iria matar-me caso soubesse disto. Peço-te para não desistires tu, filha. Peço-te para que acredites e que consigas encontrar alguém disposto a aceitar o trabalho. E eu prometo-te com tudo o que tenho de mais sagrado no mundo, que não desistirei. Que irei fazer com que isto funcione até ao fim." Sorri-o entusiasmada e abraço-o fortemente.
"Eu garanto-te que vou conseguir. O Joseph e o Cross que nem pensem que vão meter os pés imundos aqui. Não o deixarei." Declaro e subo para o meu quarto sentando-me á janela observando o zoo.
A nossa casa é de 3 andares e a vista do meu quarto dá uma visão completa para ele, o que é ótimo. E melhor ainda é viver dentro dele. É como se disséssemos que o zoo é a nossa casa. E de certa forma, é.
Penso sobre como farei para falar com as pessoas, não posso simplesmente abordá-las na rua e perguntar se estão interessadas em trabalhar num zoológico.
Olho para algumas páginas dos jornais com notícias sobre o nosso zoo de há anos atrás, coladas na parede acima da minha secretária e tenho uma ideia.
Publicidade. Cartazes. Eu posso fazer cartazes sobre o zoo e espalhar pela cidade.
Sorrio com a ideia e corro pelas escadas abaixo.
"Frank? Onde..." O meu avô chama-me mas pára para soltar a cadeira de rodas de um casaco que estava caído no chão. "Onde vais com tanta pressa, rapariga?"
"Tenho que ir á cidade, avô! Tive uma ideia esplêndida! Vai dar certo, eu sei que vai! Avise o meu pai que saí e volto mais tarde!" Corro até ele, aninho-me para o beijar e corro para o meu carro.
Preciso de folhas, marcadores e acima de tudo: originalidade.
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Olá, 1° capítulo
Espero que gostem :)

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Triumph ; Harry Styles
Fanfiction1 Zoo, 150 animais, 1 funcionário e 1 rapariga. 152 corações a baterem em sintonia.