Triumph ; Harry Styles

Quatro

-Frankie

A bacia com a roupa molhada - tão molhada que quase me congela os dedos- permanece aos meus pés enquanto tiro uma peça de cada vez. O Outono está cada vez mais acentuado deixando o frio e as brisas exageradamente frescas se alojarem neste mês de Outubro.

O meu telemóvel vibra no meu bolso das calças e eu paro o que estou a fazer rapidamente para atender.

"Estou?"

"Bom dia!"

"Está aí alguém? Alô? Ai que raiva!" Afasto o telemóvel da minha orelha e começo a rir.

"Eu estou-te a ouvir!"

"Está lá? Estás me a ouvir mesmo?"

"Perfeitamente bem." Respondo e oiço um suspirar do outro lado.

"Louvado seja o Senhor nas Alturas! És a Frankie certo?"

"Pela terceira vez, é Frank. E sim, sou eu."

"Ótimo, ótimo! Adiante, era só para avisar que estou á frente do portão do zoo mas isto está fechado com um cadeado enorme, é suposto ou eu estou na entrada errada?" Abro a porta das traseiras e corro pela casa a dentro indo ao seu encontro.

"Porquê que não disseste antes? Sim, é suposto. Estou ao virar da.... esquina." Termino a chamada e avisto um carro parado á frente do portão altíssimo com uma pessoa encostada ao mesmo. Procuro a chave que abre o cadeado no meio de outras tantas enquanto caminho.

"Bom dia!" Saúdo enquanto faço uma força bruta para abrir o cadeado e puxar as correntes que são mesmo muito pesadas.

"Bom dia!" Um rapaz respondeu e eu abro o portão dando-lhe espaço para entrar.

"Onde está a rapariga?" Pergunto olhando para dentro do carro e depois olhando para ele.

"Que rapariga?"

"A que falou comigo ao telemóvel. Tu sabes... a que quer o trabalho." Explico e este olha para mim pestanejando rapidamente e as suas bochechas ganham uma cor rosada.

"A rapariga sou eu." Murmurou e eu levo a minha mão á boca.

"Oh, então tu és...a rapariga. Desculpa, quer dizer, tu nunca me disseste o teu nome e-"

"A minha voz parece de menina?" Questionou agora sorrindo e desta vez quem corou fui eu.

"Mais ao menos." Abano a cabeça e o rapaz á minha frente ri entendendo-me a mão.

"O meu nome é Harry." Aperto-a anuindo.

"Não é nome de rapariga..." Brinco fechando os portões atrás de nós e começo a caminhar á sua frente para que ele me siga.

"Então Frankie diz-me..." Paro para que ele me possa alcançar e logo retomamos o caminho. "Como é viver aqui? Num zoo?" Olhou para cada uma das celas com animais deslumbrado e eu enchi as minha bochechas de ar expedindo-o passado alguns segundos.

"Não dá para explicar. Tu sabes que tens um amor incondicional por este zoo quando te fazem uma proposta de 200 mil euros para te mudares e mesmo assim não a aceitas." Os olhos do Harry arregalam-se.

"Uau. Vocês... não aceitaram? Isso é que é lealdade para com isto!" Disse e eu concordei.

"Bem, já viste as celas com os animais, eles são 150 ao todo, isto incluindo os seus filhotes. Existem 4 casas de banho espalhadas e um lugar destinado apenas para almoços. Mas essa parte está fechada obviamente, uma vez que não temos ninguém que possa cozinhar."

"Na verdade, eu adoro cozinhar." Ergueu a mão e eu ergui uma sobrancelha.

"Tens mesmo a certeza que não és nenhuma rapariga?" Tenho que me acalmar. Conheci o rapaz há 20 minutos atrás e já lhe digo coisas com demasiada confiança. Para meu alívio ele apenas ri.

"Ali atrás," Aponto para uma casa pequenina encostada ao muro do outro lado do zoo. "É onde estão as coisas dos funcionários. Utensílios como luvas, comida para os animais e isso tudo. Nós chamamos-lhe a loja porque é basicamente como uma. Entras, pegas no que queres e sais. A única diferença nas lojas é que tens que pagar o que levas." Ele assente e eu levo-o a conhecer a última parte do terreno que é a minha casa.

Subimos os 3 degraus de madeira do alpendre e ele limpa os pés no tapete antes de entrar. Tiro o meu casaco, penduro-o no cabide e o Harry faz o mesmo.

"Esta é a nossa casa." Abro os braços dando uma voltinha no meio do corredor. "Cozinha, sala, quarto do meu avô e casa de banho." Apontei e começamos a subir para o 2º piso. "Quarto do meu pai. Quarto de arrumos. Outra casa de banho."

"Meu Deus..." Riu. Subimos o 3º e último piso. "O meu quarto; quarto de hóspedes, e mais uma casa de banho. Atrás daquela porta tem uma biblioteca com livros antiguíssimos." Dou a conhecer e ele corre até ela abrindo-a.

Harry abaixa-se um pouco para passar na porta, (felizmente eu não tenho que o fazer uma vez que sou baixa), e ele toca nos livros com os dedos.

"Gostas de ler?" Pergunto encostada á porta e ele assente prestando a máxima atenção aos livros.

"Bastante." Anuí e saio do compartimento, chamando-o logo a seguir.

"Anda, vem ver o resto." Ele segue-me e eu abro a porta do seu futuro quarto.

"Tens aqui uma cama, eu sei que é pequena mas tu és magro por isso cabes perfeitamente. Tens um armário aqui, uma mesa-de-cabeceira ali e uma janela redonda. A minha também é, vais adorar ver a chuva cair, acredita." Viro-me para ele mas a sua cara demonstra surpresa.

"Hum... este quarto vai ser meu porquê?"

"Bem, eu pensei que quisesses morar connosco, quer dizer, quando nós tínhamos funcionários vivíamos todos juntos e-" Levo a mão á testa e fecho os olhos. "Desculpa, tens razão. Tu provavelmente ainda vives com os teus pais e eu já a pensar que ias viver aqui e tudo mais."

"Eu agradeço imenso a sério, mas não é preciso. Eu ando na universidade e partilho um apartamento com 3 amigos."

"Andas na universidade e... estás disposto a receber apenas 150 dólares por mês?" Inquiro um pouco insegura.

"Não te preocupes com isso, Frankie." Declarou e eu suspirei.

"Harry, por favor, eu chamo-me Frank!" Passo por ele e desço as escadas em caracol.

"Eu tenho voz de rapariga, mas tu é que tens nome de rapaz." Riu e eu semicerro os olhos virando-me para trás.

"Pelo menos eu ainda posso disfarçar com Frankie." Faço aspas com os dedos. "Já tu..."

"Já não está cá quem falou!"

"Pai, avô." Chamo-os enquanto me desvio para que eles conheçam o novo funcionário. "Esta é a rapariga que vos falei. O Harry." Riem os 3 e o Harry ergue a mão acenando envergonhado.

"Prazer."

"Ora deixa-me olhar bem para ti." O meu pai ergue-se do sofá e põe ambas as mãos nos ombros dele. O meu avô aparece ao seu lado andando com a sua cadeira de rodas que fica sempre presa no tapete e coça o seu queixo.

"É jovem, bem-parecido, muito elegante... Adam estou só a comentar mas... tu tens uma filha solteira, tem cuidado."

"Avô!" Quase grito e dou-lhe um ligeiro safanão que o faz rir.

"Gostas de animais, meu rapaz?" O meu pai pergunta e ele sorri.

"Mais do que tudo, Senhor."

"Ótimo." Ele olha para mim pensativo e depois para o Harry de novo. "Sê bem-vindo!"

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Olá, e sê bem vindo, Harry!