Capítulo - 1
A quinta passagem para o inferno
Uma música alta tocava do lado de fora do quarto. Todas as luzes vermelhas que me cercavam, toda aquela escuridão que arranhava a minha pele me lembravam uma noite comum.
Eu estava sentado no chão com um cigarro entre os lábios, enquanto o alfa nojento que eu tive que saciar estava dormindo na cama junto de mais duas ômegas. Meus pulsos estavam feridos, e eu não conseguia ficar em pé, mas aquele sentimento já não me fazia mais lacrimejar.
De repente eu ouvi o farfalhar dos lençóis e uma das moças ficou de pé. Ela girou os calcanhares, aparentemente me procurando. E quando me viu, entre a cama e a parede, ela sorriu.
— Você pode dormir com a gente. Sabe disso, não é? — perguntou enquanto vestia o seu sutiã.
Na verdade, eu não suportaria encostar naquele homem durante mais tempo do que era necessário. Então não, eu não dormiria com elas.
— Cameron — chamou de forma manhosa — pode me dar um cigarro?
Harriet era uma das prostitutas da boate que eu era mais próximo, porque costumava ser indicado para os mesmos clientes que ela. Ela era uma morena da cor do pecado, de seios firmes, com um cabelo escuro que media até a sua bunda, quadris largos e olhos verdes hipnotizantes.
Apontei para o criado-mudo que estava à sua esquerda.
— Você é muito bonito —refletiu e se esticou até o criado mudo para pegar o maço de cigarros. — É um ômega que me excita muito. — Ela lambeu os lábios.
Ômegas com ômegas. Isso era algo tão comum dentro de quatro paredes, que eu nem ao menos lembrava que era algo abominável para alguns da sociedade.
Harriet era magnífica. Em muitos sentidos. Mas, meu amor por ela era apenas como amiga.
— Talvez eles te coloquem na mesa, hoje. —disse melancólica enquanto acendia um cigarro. Eu não sabia o que ela queria com aquele assunto.
Então, ela riu da minha expressão e caminhou lentamente até mim, se sentando no meu colo e dobrando suas pernas em volta do meu quadril.
— Eu estou tentando te ajudar, não precisa me olhar assim. — Ela suplicou, logo depois puxou o meu queixo um pouco para baixo e soprou a fumaça na minha boca.
Eu não disse nada. Então ela continuou e se inclinou para me dar um beijo. Foi um beijo lento e molhado, ela acariciava a minha língua lentamente como se saboreasse a minha boca. Sua pele era quente e suas mãos passavam pelas minhas costas, arranhando-a com as suas compridas unhas.
— Vamos — disse separando o beijo — me diga para parar. — pediu segurando o meu rosto. Aqueles olhos verdes suplicantes eram maldosos, Harriet olhava para mim com muito desejo.
— Por favor, Harriet. Pare. —falei com uma voz rouca e baixa. Aquela ômega tinha desejo por outros ômegas, e por algum motivo era apaixonada pela minha voz. Essa não era a primeira vez que ela me pedia isso, e eu nunca conseguia negar aos seus pedidos.
— Ah — Ela suspirou satisfeita e tombou a cabeça no meu ombro. — Isso é bom. Poderia dizer isso no meu ouvido? — questionou e se remexeu no meu colo.
Eu neguei com a cabeça. Eu sabia o que isso podia levar.
Eu não tinha problemas com Harriet, seu comportamento era pervertido, mas ela não era má pessoa. Tudo que ela faz é trabalhar na noite, junto de outros ômegas e dar em cima dos mesmos.
Talvez eu devesse ter sido um pouco mais bondoso.
◠◡
— E a mesa dessa noite é Cameron Lostly! — Foi anunciado por um beta loiro acompanhado de um alfa, na parte de cima da boate.
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Inferno de Cereja
FantasyUm ômega puro é salvo por uma das máfias mais perigosas do Reino Unido, ele estará seguro ou terá novos problemas?