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Querido diário, oi! Confesso que não acredito que estou aqui te escrevendo de novo. Bom, acabei de chegar da escola; são quatro horas da tarde, e estou deitada na minha cama te escrevendo!
Hoje reencontrei meus amigos na escola, não que a gente tenha passado as férias inteiras longe; ficamos sem se ver apenas por uma semana. A aula foi normal, não teve dever de casa e nenhum trabalho, vendo assim foi bem entediante, né? Mas calma, tem uma coisa.
Chegaram na cidade, até onde eu sei, três garotos novos. Não sei se são irmãos ou amigos, mas todos têm cabelos muito escuros, olhos castanhos avermelhados e são bem altos. Também são bonitos, principalmente um deles. Não sei o nome, mas ele é extremamente lindo.

— S/n! Desça aqui por favor? — Minha mãe grita.

— Já estou indo! — Grito de volta fechando o caderno e levantando da cama.

Quando desci as escadas, minha mãe estava na cozinha, arrumando uma cesta cheia de chocolates, alguns sabonetes e uma plaquinha escrito "Bem-vindas a nossa vizinhança!".

— Uma família de quatro irmãos se mudaram para a casa ao lado! — Ela conta.

— Ah, claro, fiquei sabendo, vi três deles hoje, não sabia que tinha mais um. — Falo.

— Bom, preciso que você leve isso para eles. — Ela pede.

— Agora? — Reclamo.

— Agora.

— Tá bom. — Pego a cesta na má vontade e vou em direção a porta.

— Seja gentil, S/n! — Minha mãe pede gritando novamente e eu apenas saio de casa.

Não demorou menos de um minuto para chegar em frente da residência, a casa abandonada, à primeira vista, parece apenas um relicário do passado, mas um olhar mais atento revela sinais sutis de atividade recente. As cortinas, misteriosamente fechadas durante o dia, filtram a luz do sol de maneira peculiar, sugerindo um segredo guardado.

Ao se aproximar da casa, sinto um arrepio percorrer minha espinha, uma sensação inexplicável que transcende a atmosfera de normalidade. Uma onda de nostalgia invade meus pensamentos. Lembro-me de quando, na minha infância, esse lugar era o palco de inúmeras histórias assustadoras que eu mesma inventava. As paredes gastas e as janelas sombrias eram o cenário perfeito para enredos de mistério que faziam meu coração acelerar.

A fachada, agora em frente a mim, desperta memórias de noites insones, quando, sob a luz trêmula da lanterna, eu imaginava sombras se movendo por trás das tábuas. As gargalhadas imaginárias de fantasmas ecoavam nos corredores, e a brisa noturna sussurrava segredos ocultos entre as frestas das paredes.

Hesito antes de bater à porta, como se meu corpo estivesse consciente de que algo além do comum permeia os alicerces desta morada.

Inspirei profundamente antes de bater à porta. O som dos passos se aproximando ecoava, acelerando meu coração a cada batida. A maçaneta girou suavemente, e a porta se abriu, revelando o garoto mais alto.

— Oi. — ele cumprimentou, sua voz soando curta e fria.

— Oi! Sou a S/n,minha família quis dar as boas-vindas. Trouxe uma cesta com algumas coisas. — respondi, tentando quebrar o gelo.

Ele olhou para a cesta por um momento antes de dar um breve aceno de cabeça, sem expressar muita gratidão.

— Não precisavam se incomodar.

— Nós gostamos de receber bem os novos vizinhos. Se precisar de alguma coisa, é só chamar. — falei, mantendo um tom amigável, apesar da recepção fria.

❝𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐍𝐀𝐌𝐎𝐑𝐀𝐑 𝐔𝐌 𝐕𝐀𝐌𝐏𝐈𝐑𝐎❞ heeseung.Onde histórias criam vida. Descubra agora