A Mudança

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Parte I

Numa tarde de sol, um jovem casal no interior da sua nova casa, organizava os seus pertences ao som de Fleetwood Mac - The Chain. A melodia atravessava as paredes da casa, curando o cansaço da mudança e deixando o ambiente mais tranquilo para os dois. A mudança para o novo lar.

Mudanças são sempre exaustivas. Para este jovem casal que ia para o novo lar, essa mudança era um grande salto nas suas vidas, pois viveram de favor por um tempo na casa de um tio. O tio do rapaz. Foram cinco anos a poupar para a casa nova. Tiveram a sorte do tio do André estar fora do país e lhes oferecer um lugar para ficar durante algum tempo.

Entretanto, o jovem estava na cozinha, absorto nos seus pensamentos e afazeres, empacotando as caixas, enquanto a sua companheira estava no quarto. A jovem encontrava-se focada em arrumar as malas dos dois. Os seus olhos percorriam o quarto de um lado para o outro, observando atentamente as suas malas; já havia levado quase tudo para baixo. Virou-se para o guarda-roupa. Estreitou os olhos enquanto encarava o velho guarda-roupa embutido na parede do quarto. Era grande e tinha um aspeto dos anos 80, com quatro gavetas e quatro portas.

- Não vou sentir saudades. – diz enquanto vira as costas ao guarda-roupa e se dirige à casa de banho. – I can still hear you saying, you would never break the chain. – Começa ela a cantar. Verifica se não esqueceu ou deixou nada para trás. Volta para o quarto, suspira e começa a fechar as malas. Começa a levar as malas para baixo, duas de cada vez.

André termina de esvaziar a cozinha, suspira de alívio. Observa o camião de mudanças no jardim da casa pela janela da cozinha.

- Já está quase cheio. – Pensa em voz alta.

Sai da cozinha e vai para a sala, deparando-se com muitas caixas por arrumar. Suspira de frustração e pragueja.

- Essas malditas caixas não terminam nunca. – Começa a bisbilhotar cada uma. – Coisa da Letícia. – Sussurra ele. Letícia é a sua companheira que se encontra no andar de cima a arrumar as malas e a esvaziar o guarda-roupa.

Pega numa das caixas e chama por ela.

- Letícia. - Sem resposta, ele pega na fita adesiva em cima da mesa da sala de estar e começa a fechar as caixas; em seguida, pega o máximo que pode e coloca no camião até não sobrar nenhuma. Respira de alívio por não ter mais caixas. A satisfação foi tanta que se sentiu mais leve.

Letícia. – Chama novamente pela namorada. E, não tendo nenhuma resposta, decide ir ver o que ela está a fazer. Atravessa a grande sala, quase vazia.

Sobe uma longa escada e chega ao andar de cima, quase esgotado.

- Odeio escadas. – Fala enquanto se dirige ao quarto em passos silenciosos. Entra no quarto totalmente desarrumado.

Sente dor de cabeça ao ver aquele cenário. Malas por arrumar e caixas. Já não pode mais ver caixas. É como se tivessem colocado uma tonelada de peso sobre o seu peito.

- O que estiveste a fazer todo esse tempo? – Questiona ele.

- Arrumando as malas. – Responde ela dentro do guarda-roupa.

– Acabaste a cozinha?
- Sim. – Responde, deitando-se na cama.

– Vai demorar muito?

- Preciso de ajuda aqui, André.

Ele revira os olhos e levanta-se da cama. Caminha até à sua companheira, pulando as malas de roupa que se encontram espalhadas pelo quarto.

- O cabide ficou preso aqui. Essas madeiras velhas. O teu tio deveria ver isso. Ele deveria pegar nesse guarda-roupa e jogar fora. Já está fora de moda. Não faz sentido ter esse monstro velho e sem utilidade aqui. Não acho piada a isso. – Comenta ela saindo de dentro do imóvel impaciente. – A nossa casa será decorada do meu jeito. Com as mobílias modernas e a decoração de feng shui. O teu tio deveria repensar na decoração desta casa, querido.

- Que exagero. – diz ele encostando-se na porta. – O meu tio sempre gostou desta casa, duvido que ele mude algo. Era a casa da mãe dele, e ele gosta dela assim. E nós estamos de saída.

- Olha para isto, parece dos anos 80, e as madeiras do fundo precisam ser trocadas. Ainda bem que estamos de saída mesmo. O cabide ficou preso no fundo do armário. Consegues tirá-lo?

- Deixa-me só dar uma vista de olhos. – Diz ele paciente, dando um beijo na sua parceira. – André, abre bem as duas portas do guarda-roupa para poder ver melhor. Realmente as tábuas de fundo precisavam de um verniz. Aquele fundo deixou-o um pouco curioso. Pegou no canivete no bolso do seu casaco e colocou na folga das tábuas e, para sua surpresa, a lâmina passa sem bater em nada. O que dá a entender que há um espaço por trás do armário.

Nota: Olá muito obrigada por lerem a minha outra Obra. Partilhem, comentem, partilhem com os amigos e me seguem por favor😘🙏 

Espero que gostem desta obra. Beijinhos 😘😘

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