Capítulo I

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A manhã estava fria e nublada, era pouco mais de seis da manhã e o dia estava escuro como se fosse o por do sol.
Cellbit olhava pela janela de seu castelo, observando as folhas das árvores balançarem com a brisa leve. Ele leva a caneca de café preto forte e sem açúcar aos lábios, pensativo.
Vazia meses que estava na ilha e nunca viu nuvens de chuva tão pesada, nem mesmo no dia do acidente aéreo dos franceses, o que significava que algo muito ruim aconteceria.

A ilha Quesadilla era perfeita, ou pelo menos aparentava ser, sempre ensolarada, nunca muito quente e paisagens lindas de tirar o fôlego. Seria um lugar perfeito se não fosse as entidades estranhas que habitam nela, os monstros estranhos e extremamente perigosos que atacavam sem piedade e, é claro, A Federação.

Aparentemente 'A Federação' se tratava de uma organização que buscava a perfeição. Que tipo de perfeição era essa ninguém sabia. Mesmo ele, Cellbit, um homem muito inteligente, um detetive experiente que gostava muito de desvendar enigmas complexos, conseguiu descobrir, mesmo depois de se infiltrar como funcionário 'free-lancer'.

Seu peito do de angústia. Fellps, seu amigo de anos estava a quase um mês desaparecido, não havia rastros, nem uma unica pista e Cucurucho se recusava a dar qualquer tipo de informação.

O homem suspira passando a mão nos fartos cabelos loiro escuros, afastando os fios dos olhos. Seu olhar recai na caneca vazia, o cafe novamente havia acabado. Cellbit era viciado em café, praticamente substituía todas as refeições por uma dose extra forte de cafe artesanal, café esse que ele mesmo junto de seu filho, haviam plantado no terreno lateral logo abaixo do castelo.
Ele se vira novamente para dentro de seu quarto, deixando a sacada, parando em frente ao espelho perto da cama. Sua aparecia não era das melhores.
Os cabelos estavam meio espetados e bagunçados para todos os lados, sua pele já naturalmente pálida pela falta de tomar sol, parecia ainda mais clara.
Usava uma calça marrom com uma camisa branca e sobretudo verde por cima, escondendo o corpo magro mas forte além de coturnos pretos. Os olhos azuis estavam um tom quase cinza, ostentando grandes olheiras pela falta de descanso. Ele sempre dormiu mal, cerca de quatro ou cinco horas por noite mas ultimamente, Cellbit não conseguia dormir por mais de três horas ininterruptas, a preocupação tirava seu sono alem das grandes quantidades de cafeína.

Ignorando a imagem abatida no espelho, o detetive deixa o quarto, descendo as escadas para um longo corredor, se dirigindo ate a cozinha. Mas no meio do caminho, o som de passos rápidos com um leve ranger metálico o faz parar. Seus olhos se voltam em direção da torre sudoeste do castelo, logo um garotinho de cabelos cacheados e volumosos, moreno, com uma prótese mecânica e usando uma camisa do Brasil tão grande que cobria a bermuda preta com estampas de nuvens vermelhas, aparece correndo, mancando ligeiramente.

- Pai! - o garotinho gesticula em libras rapidamente antes de pular no homem parado a sua espera.

- Oi filho. - Cellbit o agarra no ar trazendo para seu colo, beijando sua testa, afastando os cabelos rebeldes. - Te acordei?

O garotinho nega, abraçando o pescoço do pai por um momento antes de voltar a falar.

- Acordei faz tempo já, estava organizando os desenhos que o pai Forever pediu.

Forever era outro brasileiro que acabou na ilha junto de Cellbit. O navio que eles estavam naufragou na ilha a quase três meses, abordo estavam Cellbit, Forever, Pac, Mike e Felps que, depois do comandante e parte da tripulação terem um mal súbito e cairem mortos de forma extremamente suspeita, assumiu o comando do navio, dando o seu melhor para não causar sua própria morte e de seus amigos.

- Ele terminou o seu museu? - O filho afirma novamente, fazendo uma careta. - Que foi Richas? Não quer que as pessoas admirem seus quadros? Você é um artista, filho, tem um talento absurdo para a idade que tem.

Sussurros da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora