Coffee - Jemma

4 - Lies And More Lies

Pov's Emma Myers

[Presente] 22 de dezembro de 2022 - 09:00AM

Naomi entrega-me o copo e logo oferece a pequena sacola de papel onde um donut aguarda ser devorado. Dou um meio sorriso e murmuro um obrigado. Sinto o amargor do café fazer sua aparição na primeira golada, porém, a doçura do donut de chocolate equilibra meu paladar. Naomi senta-se ao meu lado e ficamos em silêncio, observando o grande televisor que informa as decolagens e chegadas dos voos do JFK, aeroporto internacional de Nova York. Procuramos nosso voo para Jericho e logo o encontramos em questão de segundos. Confirmamos que estamos em frente ao portão correto e que o embarque começará em meia hora.

Um fato que vocês provavelmente não sabem sobre mim: eu não gosto de aeroportos e muito menos de aviões. Não, eu nunca sofri nenhum trauma ou coisa parecida. Não há nenhum fato que justifique isto. Talvez eu não entenda como a mecânica funciona, ou coisa parecida. Ou talvez seja apenas uma questão de afinidade. Não importa quão forte eu tente, não consigo relaxar quando me acomodo em uma poltrona. Nem se injetarem alguma coisa em minha corrente sanguínea iria conseguir aquietar meu estado de agitação. Então vocês podem concluir que meu voo de sete horas será uma diversão.

O embarque começou antes do que eles previam, portanto, tive que acabar meu café e donut às pressas. Encaminhamo-nos em direção aos funcionários que pediram nossos cartões de embarque, e desejaram-nos um bom dia. Naomi e eu passamos pelo estreito túnel, conduzindo em direção ao avião. Ao chegarmos ao nosso destino, outros funcionários da companhia aérea desejaram um bom voo e Feliz Natal com um sorriso angelical.

Eu não sei por que, mas aquilo me irritou muito.

Em apenas alguns minutos, instalamo-nos em nossos assentos e Naomi logo se ajeitou e colocou sua máscara sobre os olhos, adormecendo em rápidos instantes. Deveria ser registrado a facilidade que ela tem de dormir. Sério, é algo impressionante. Para balancear essa amizade, eu, em contrapartida, tenho os olhos vidrados, alertas para qualquer coisa. O tempo passa e os ponteiros do relógio andam e não demora muito para que os comissários de bordo afirmarem que estão fechando as portas da aeronave, indiciando o fim do embarque. O avião começa a se mexer depois de alguns minutos e no alto-falante do pássaro de ferro a voz do piloto surge, informando-nos que a decolagem para irmos para Jericho está confirmada.

O meio de transporte ganha velocidade e fecho os olhos, apertando agressivamente os encostos da poltrona, meus dedos esbranquiçados pelo esforço. Depois de um tempo, somos informados de que já podemos utilizar nossos aparelhos eletrônicos e, numa fração de segundo, pego o notebook na minha bolsa e começo a digitar pelo teclado.

Vocês devem estar se perguntando o porquê de eu ainda continuar escrevendo sobre aquela noite, antes e depois dela também, não é?

Eu não sei.

Acho que já me acostumei a escrever e querendo ou não, essa atividade me ajuda a me distrair por um tempo.

Eu já disse que o voo é de sete horas, então, acomodem-se.

Estão confortáveis?

Ótimo.

***

["Passado"] 20 de setembro de 2019 - 07:29PM

- Acho que a paranóia tomou controle da minha melhor amiga - Naomi disse perto do meu ouvido, assustando-me e quase me fazendo deixar cair a caneca de minhas mãos.

- Meu Deus, Naomi! - repreendia com minha melhor voz de sermão. Coloquei a mão no lado esquerdo do meu peito, confirmando o quão acelerado meu coração se encontrava. - Você quase me mata de susto, mulher!