8 - Silhouette

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Pov's Emma Myers

["Passado"] 26 de julho de 2022 - 10:37AM


Eu diria que é uma agonia esperar. Na verdade, é torturante ter que esperar por algo significativo.

Nem pensem em me julgar, eu sei muito bem que vocês também se sentem assim.

Ah, então vocês não acham agonizante ter que esperar pelo resultado de uma nota?

Ou por notícias de alguém que não dava sinal de vida?

Ou esperar pelo dia que você finalmente iria conhecer aquela pessoa?

Vocês não acham isso torturante?

Algo que consome cada fibra do seu corpo?

Não precisam responder, eu sei a sensação.

Os médicos me disseram que eu deveria esperar, e não pude fazer nada além de concordar. Afinal, quem sou eu para discutir com neurocirurgiões que sabem mais sobre o cérebro humano do que eu jamais poderia. Então eu aguardei sentada ao lado da cama do hospital por quaisquer reações que Jenna poderia demonstrar - qualquer som, mesmo que fosse um sussurro inaudível, qualquer movimento, mesmo que fosse um simples piscar de olhos.

Já se passaram mais de vinte e quatro horas, e eu não recebi nenhuma resposta dela. Ela permaneceu intacta como se fosse uma estátua com tubos respiratórios presos às narinas.

Sim, é torturante esperar para que algo aconteça, principalmente se esse algo não depender de mim.

Markus e eu compartilhamos desse sentimento desde que ele chegou aqui. Eu acho que nunca havíamos ficado tanto tempo juntos sem nenhuma outra pessoa por perto. Apesar de nos conhecermos há quase três anos, eu não tinha ideia de quem realmente ele é. Eu sabia que ele está se formando em direito, trabalha em uma das empresas de advocacia mais importante de Washington, é casado com Victoria e que é a pessoa que mais conhece Jenna. Além de mim, é claro. Mas eu não fazia ideia de nada específico dele, como a cor favorita, ou o tipo de gênero de filme que ele mais gosta.

- Eu sempre pensei que seria eu que iria voltar para o hospital - Markus manifestou-se no silêncio do quarto. Ele acomodou-se em uma outra cadeira ao lado da cama de Jenna. Desse modo, ele encontrava-se do lado esquerdo dos olhos otimistas, enquanto eu estava no direito. - Eu nunca pensei que seria ela - referiu-se à Jenna, segurando uma mão dela.

- O universo adora fazer surpresas - comentei amargamente, sabendo o motivo que ele havia dito aquilo. Os sons das máquinas voltaram a soar nitidamente, evidenciando o silêncio que havíamos implantado.

- Você acha que ela pode nos escutar? - Markus questionou-me sério, porém, ele não me encarava, mas sim sua irmã.

- Você conhece Jenna, é claro que ela está escutando - permiti que eu sorrisse levemente. - Ela está escutando tudo isso, e já pensando em algum comentário sarcástico ou em alguma maneira de nos provocar.

- Isso é a cara dela - riu baixinho com um sorriso mínimo, quase como se não existisse uma risada.

- Você vai ver, ela vai acordar e dizer coisas que só ela poderia falar - passei minhas mãos pelos cabelos negros de Jenna, mantendo um espírito esperançoso.

Alguns minutos se passaram, e Markus deixou-me a sós com os olhos otimistas que se mantinham escondidos por trás das pálpebras. Aproximei minha cadeira ainda mais e segurei a mão direita de Jenna, a qual carregava o anel de noivado. Enlacei meus dedos e, obviamente, não recebi uma resposta. Era como se ela estivesse em um sono tão profundo que nada ao redor poderia acordá-la. Jenna estava serena mesmo com alguns cortes no rosto, era como se ela fosse um soldado que acabou de ter enfrentado a guerra. Mas no caso de Jenna, ela ainda estava enfrentando.

Coffee - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora