CRÔNICAS DE EMULHALAN: O Mago e o fio do Destino

Prólogo - O Conto do Anjo da Morte Parte 1

Um...
Três...
Dezessete
Mil quinhentos e treze...
Dois milhões trezentos mil e vinte e três...
Acho que você não teria tempo para ouvir sobre cada pessoa que eu matei, já que toda a minha existência é a morte.
E de certa maneira eu realmente sou ela.
Eu sei que você deve ter medo de mim, não lhe julgo, mas sinto que jamais seria capaz de conpreender vocês criaturas mortais.
Afinal eu não morro.
Eu...
Sou a morte.
Mas não pense em mim com maus olhos, hoje eu não estou aqui para buscar você, o grande Pintor da Criação ainda não determinou que eu vá recolher sua alma, os fios do destino me guiam para outro lugar totalmente diferente.
E confesso, não entendi os propósitos do Pintor quando me conferiu esta missão, sei que o Pintor faz pedidos que as vezes são estranhos, certa vez ele mandou um homem se casar com uma prostituta, outra vez ele mandou um nobre da realeza andar nu por anos, e outra vez ele mandou um homem se trancar num tronco de madeira, entre tantos outros pedidos inusitados, a missão que ele me entregou hoje, é igualmente inusitada.
Todavia, não é meu dever indagar sobre os seus desígnios apenas cumpri-los, portanto eu recebi a minha missão e me dirigi a escada na entrada do Reino, uma escada dourada que atravessa o Abismo e leva nós anjos para a criação.
Se não fosse por essa escada, a maioria de nós não tería como ir para a criação, o Abismo que há debaixo dessa escada, é algo que preferimos não olhar, mesmo um Anjo não poderia retornar da queda no Abismo.
Mesmo em uma luta onde nós conseguíssemos abrir uma brecha do tamanho do Infinito, do ponto de vista do Abismo, isso seria como uma formiga mordendo o Universo, de tão irrelevante que seria para o Abismo.
Obviamente eu sou uma exceção entre esses anjos, já que sou eu quem tem o dever de buscar aqueles que caem no Abismo.
Mas mesmo eu não me atrevo a ficar muito tempo no Abismo, não me arriscaria a olhar os olhos de Laai Queber.
Encarar o Abismo, é algo que nem a Morte deseja.
Quanto a Escada que atravessa esse Abismo, seu tamanho é infinito, mas para nós Anjos, o infinito não é diferente de eu dar um simples passo, pode parecer confuso pensar sobre isso para você, então apenas não pense nisso.
Esse não é o tipo de coisa que vocês que estão presos a Três dimensões são capazes de compreender.
Apenas saiba que não levei muito tempo para descer as escadas de Salém.
Eu estava no primeiro andar, e antes que você pudesse compreender a escada de ouro infinita, eu já havia descido ela.
Aqui estava eu na casa de Trimegistus, o Grande Palácio que cerca os Limites da Criação, talvez eu converse com ele na volta, embora eu saiba que devo tomar muito cuidado a partir daqui.
Sou um Anjo da destruição, sou a Morte literal, eu trago o fim de todas as coisas em toda a minha existência e no final...
Eu vou matar toda a Criação.
Mas esse não é o destino da criação agora.
Por isso eu me ajoelho nos jardins de Trimegistus e me concentro, para diminuir a minha própria existência e assim evitar que a Criação sofra danos antes da hora.
Minhas seis asas brancas se levantaram, e num bater de asas eu desci para a sexta dimensão, onde lá estava ele, no seu Palácio de 5 dimensões, Cronion.

-Eu estava lhe aguardando, Atanael.

-Universo da constelação de Órion, Zodíaco do dragão, Planeta Terra, número 413.
Escala negativa Número 13.

-aff, coordenadas e mais cordenadas, vocês anjos da Morte não sabem ter uma conversa decente...
Cronion falou abrindo as portas do Palácio de Kairós para que eu entrasse.

Passei pelos corredores cristalinos do Palácio sem prestar atenção nos detalhes daquele castelo Cristalino, essa era a rotina perpétua, da minha longa atemporalidade.

Rapidamente chegamos ao centro do Palácio, local onde Cronion sempre esteve zelando pelo Coração da Eternidade, que é o artefato usado para colocar as coordenadas da alma que eu devia ceifar, entre outras coisas.

-Sabe, eu queria muito conversar com você Atanael

-Eu posso conversar sem problemas, nós temos todo o tempo do mundo. Cronion riu.