Disclosure

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    Segurei-me nos esteios metálicos do elevador, sentindo-me apreensiva

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    Segurei-me nos esteios metálicos do elevador, sentindo-me apreensiva. Avistava através do reflexo do espelho o meu semblante mais elevado, o cabelo por vezes mais loiro, o azul marinho estampado na camisa aberta que expunha o bronze da pele em minha clavícula. Eu aparentava estar melhorando, era nítida minha boa aparência após duas semanas desde que iniciei na psicoterapia. Contudo, Kally havia voltado para São Paulo no meio da semana, o calendário ainda exprimia quarta-feira. Muito embora eu estivesse ansiosa para encontrá-la (aliás, fazia um bom tempo que eu não a via), ainda assim, não efetuava-se este o motivo da minha apreensão. 

Sucedia que o decorrer dos fatos me impulsionaram: eu estava decidida a contar toda a verdade à minha mãe.

Negar meu nervosismo agora seria um eufemismo, e eu não pretendia de forma alguma atenuar e suavizar o que estava sentindo. 

Olhei para o relógio de pulso, marcava cinco horas e vinte minutos da tarde, eu não havia descansado desde o início da semana, porém fiz toda questão de reservar a noite de quarta-feira para me encontrar com Kally. Por esse motivo chegara do trabalho muito mais cedo do que habitualmente.

As portas se abriram, senti meu peito palpitando enquanto o suor escorria em meu pescoço. Virei-me com tantas sacolas de compra e a bolsa pendurada em meu ombro, coloquei a senha da porta no digitalizador ao lado e abri-a, anunciando minha chegada.

— Pessoal, cheguei.

Estranhei que a casa estivesse tão silenciosa, caminhei até a mesa para deixar as compras ali.

— Ué, chegou mais cedo hoje, Rachel?

Ouvi a voz de dona Hosana e olhei rapidamente para ela, enquanto mexia em uma das sacolas.

— Pedi para que me liberassem mais cedo hoje, tenho uma reserva em um restaurante para essa noite. — observei a curiosidade no semblante de minha mãe, suas sobrancelhas arqueadas e seus olhos bisbilhotando a sacola preta e refinada em que eu mexia. — Onde estão Clarinha e Gabriel?

— Cacá saiu com Fernando, Gabriel desceu para o apartamento do amigo e disse que só volta a noite. — Lhe dei um leve meneio de cabeça em entendimento. Mordi o lábio em nervosismo, apesar de tentar a todo custo não transparece-lo. Ela perguntou quando soltei a sacola e lhe dei atenção: — Vai sair com quem?

— Vou sair com Kally, ela está em São Paulo.

— Hum... Ela não vai vir aqui?

— Hoje não. — respondi, sentindo seu olhar absurdamente questionador, quase como se me queimasse a pele, constrangendo-me por inteira. — Mainha, eu preciso ter uma conversa muito séria com a senhora. Irei aproveitar esse que é o melhor momento, já que coincidiu das crianças não estarem aqui.

— Ai, Rachel, assim você me assusta! — Disse dona Hosana, segurando-se na cadeira mais próxima com uma mão enquanto levava a outra até o queixo, segurando-o com receio. Mal sabia ela que eu me encontrava da mesma forma. — O que é?

Perspective [Em Pausa] Fanfiction (Rachel Sheherazade & Kally Fonseca)Onde histórias criam vida. Descubra agora