Tenderness

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    Kally não estava lá, quando despertei

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    Kally não estava lá, quando despertei.

Não senti seus braços perdurantes num emaranhado ao redor do meu corpo. Nem tão somente o calor de sua pele nos atritando.

Como se a comunhão que ela me trouxe fosse roubada antes mesmo que eu pudesse tê-la sentido de fato; e minha noite de ócio ao seu lado não tivesse sido nada mais que em vão.

Meu peito, de repente, fora levado ao estremecimento. Senti o mesmo medo que vinha sentindo nos últimos meses. Me elevei sobre a cama de modo abrupto, e me sentei, um pouco mais do que ofegante enquanto agarrava o lençol que ocultava minha nudez. Vasculhei o quarto depressa, sentindo-me degradada por uma varredura realista: eu estava só. Temerosa de que ela pudesse mesmo ter partido, mesmo após eu ter me exposto para ela de tal forma que talvez nunca tenha confiado a alguém.

No entanto, encontrei na mesa de cabeceira ao meu lado um bilhete.

Olhei-o esperançosa, e lhe trouxe em minha mão.

Negar o receio sutil pairando sobre as minhas emoções e os meus sentimentos foi inevitável.

Estava mais para um guardanapo ortografado por uma caneta já chegada ao seu fim do que qualquer outra coisa, devido a tinta que se espalhou pela folha fina.

Um arrepio discreto alojou-se em minha espinha, tal qual um orvalho gélido.

Em letras sumas redigia o seguinte:

"Bom dia, meu amor. Fui ao restaurante para que pudesse lhe trazer um café da manhã caprichado. Não se assuste, volto breve. Tome um banho e me espere na varanda.

Te amo! Kally."

Respirei profundamente de antemão ao suspiro libertado por entre os dentes. Sorri aliviada.

Manifestava o medo em seu estado mais delicado, sentindo uma ansiedade contida insinuando-se no eixo da minha dúvida e incerteza.

Estava surpresa por Kally ser uma dessas pessoas que supunham a reação do outro sujeito; pela compreensão e atenção que ela foi capaz de nutrir para com os mínimos detalhes. Aqueles que realmente importavam; que, em sua essência, eram os mais importantes.

Logo eu, incapaz de acreditar que pude usufruir com audácia, por um breve momento, o pensamento de que ela teria a pachorra de ir embora e me deixar só... Ela jamais faria isso. Eu tinha certeza sobre esse não ser o caráter dela. E também havia algo tão importante quanto...

— Este é o quarto dela, Rachel! — murmurei, reafirmando em minha mente

Libertei um riso e impulsionei as costas para trás, lançando-me à cama. Recordando da noite maravilhosa que tivemos e o quanto Kally mostrou-se afável e complacente comigo. Eu sabia que ela não tinha experiência, assim como ela sabia que eu estava absurdamente assombrada com toda a situação. Porém, naquele momento, Kally compadeceu-se perante mim, e assumiu todo o controle para que pelo menos um resquício da minha alma excitada pudesse aproveitar todo o afeto de um sexo tão íntimo como o que tivemos. Sem proferir uma única palavra, apenas com seu olhar seguro ela foi capaz de me fazer transcender os limites da órbita sobre uma pecha em que estávamos inseridas injustamente.

Perspective [Em Pausa] Fanfiction (Rachel Sheherazade & Kally Fonseca)Onde histórias criam vida. Descubra agora