Além das aulas

Delicate

"Na penumbra do silêncio, onde os lábios não ousam confessar, dançamos entre os versos proibidos de um amor que apenas em sonhos ousamos abraçar." - Pablo Neruda

A voz suave de Miranda preenche a sala, mas meus pensamentos se desprendem em uma dança caótica. Sua beleza é uma distração hipnotizante, e enquanto tento focar na aula, a tatuagem em suas costas murmura mistérios que acendem minha curiosidade. Nesse primeiro dia na universidade, percebo que os desafios acadêmicos serão apenas o início, talvez ofuscados por obstáculos mais pessoais.

Miranda desce aos detalhes das células vegetais, sua paixão pela biologia ecoando de maneira contagiosa. Seus olhos brilham ao compartilhar conhecimentos, e sua expressão revela a dedicação que tem pelo ensino. Enquanto a aula avança, percebo que, além da atração física, estou fascinada pela maneira como ela desvenda os mistérios da vida vegetal. A botânica, que inicialmente me parecia desafiadora, ganha uma nova dimensão sob a orientação envolvente de Miranda.

Entretanto, o dilema surge quando, durante a explicação sobre células vegetais, meu olhar é atraído pelo celular, ansiosa para conferir o horário do ônibus, já que era o primeiro dia e ainda estava me adaptando a esta nova rotina, não queria correr o risco de perde-lo. Miranda, com um olhar firme, interrompe a aula.

"Andy, certo? A atenção na aula é crucial. Pode me explicar por que está mexendo no celular durante a explicação?" Sua voz é firme, provocando um arrepio nervoso.

"Desculpe, professora Miranda, é só que eu sou de outra cidade e preciso ver o horário do ônibus para não perder a volta para casa", tento justificar-me, mas sua expressão não se abranda.

"Você não é a única de fora. Poderia esperar até o final da aula para resolver questões pessoais. A disciplina é essencial."

A determinação de Miranda em manter ordem na sala é inegável, com sua postura firme, aproveita o momento em sala para abordar as regras com clareza. Seus olhos varrem a sala, e sua voz ressoa com autoridade.

"Estamos aqui para aprender, e para isso, é necessário foco total. Celulares não são permitidos em sala de aula. Não quero ver nenhum de vocês distraídos mexendo neles durante as explicações. Além disso, é terminantemente proibido tirar fotos dos slides. Vocês têm a responsabilidade de se adaptar às regras da sala e respeitar o ambiente de aprendizado", ela declara, deixando claro que sua expectativa é de total dedicação por parte dos alunos.

Miranda, após estabelecer as regras, anuncia com seriedade: "Para garantir que vocês compreendam o conteúdo, vamos realizar um seminário sobre os temas abordados. Não aceitarei apresentações superficiais ou copiadas da internet. Quero ver cada um de vocês demonstrando um entendimento profundo. Não tolerarei apresentações como receitas de bolo. Só aceitarei as apresentações que se percebe que todos no grupo realmente estudaram."

Seu olhar percorre a sala, deixando claro que está atenta à dedicação de cada aluno. "Agora, formem seus grupos. Preciso dos nomes até o final da aula. Escolham com sabedoria, pois a qualidade do trabalho refletirá diretamente nas suas notas", ela conclui, encerrando a fala com uma aura de exigência que permeia a sala.

Enquanto os grupos se formam, a inquietação coletiva revela a compreensão de que a fama de Miranda não é exagerada. mas a perspectiva de desafios adicionais apenas intensifica a minha determinação em se destacar sob o olhar atento de Miranda.

Formo meu grupo com Ana, a colega que conheci antes de entrar na sala, e outros colegas. Durante a escolha, Ana comenta em voz baixa: "Fiquei assustada com as regras dela, Andy. Parece que teremos que nos dedicar bastante para passar por esse período de curso em suas disciplinas."