Prólogo

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"Não há nada mais bonito do que o amor sentido por duas mulheres, mas não há nada mais poético do que o amor feito entre duas mulheres."  Borboletas pra lá e pra cá - Juliana Reis e Nathalia Perrone


O sol desponta no horizonte, mas minha inquietação já está em pleno vigor. O primeiro dia na universidade se desenha diante de mim, uma tela em branco repleta de interrogações. Será que o curso será tudo o que imaginei? Será possível construir laços verdadeiros em meio a tantas caras novas? A ansiedade se mistura com o receio, mas decido abraçar a incerteza com determinação. Este é o recomeço após as decepções amorosas que marcaram meu passado recente. Agora, é hora de concentrar-me em meu próprio crescimento. A universidade se apresenta como uma ponte para uma nova fase em que me dedicarei a mim mesma.

Meu curso é noturno, e pego o ônibus de quatro horas da tarde, mas após o almoço, meu nervosismo já começa. Apesar de ser o primeiro dia e eu não ter certeza do que esperar, decido começar a me arrumar. Escolho uma roupa na qual eu me sinta bem e acabo colocando meu casaco de moletom da Lana Del Rey para me dar sorte nesse dia. Também organizo minha mochila, pois, mesmo que eu acredite que hoje não terá conteúdo e será apenas uma apresentação entre colegas, prefiro ir preparada para qualquer surpresa.

Ao consultar minha grade de horários de hoje, percebo que terei uma disciplina de botânica, com a mesma professora de biologia celular, a qual tem fama de ser muito rigorosa. Pagar duas disciplinas de 60 horas com ela é, no mínimo, intimidador. Para completar, não aprecio muito botânica, embora tenha uma paixão pela biologia, afinal, ela é uma ciência fascinante. Então estou determinada a superar os desafios da botânica.

Quando chegou o horário, fui para o ponto pegar o ônibus. No caminho, ouvi minhas músicas de pop antigo que tanto amo. Chegando lá, comecei a observar tudo. Era um lugar grande, dividido em centros, e o meu era o CCBS. Pelo que soube, é uma região um pouco esquisita da universidade. Enquanto caminhava, pude observar os prédios, as pessoas, todos rostos novos. Na minha cidade, por não ser tão grande, sempre que saio, vejo gente que conheço. Mas aqui é como se fosse um novo mundo.

Chegando no CCBS, fui à procura da sala. Meu ônibus vai sempre atrasar, então não terei muito tempo antes da aula. Antes de entrar na sala, encontro uma colega com quem combinei no grupo da turma feito alguns dias atrás. Pelo pouco que conversamos ela parece ser legal, logo fomos para a sala. Chegando lá, vejo que tem bastante gente, mas graças a Deus a professora ainda não chegou. Enquanto isso, converso com a galera, e felizmente, os que conheci são muito legais. Infelizmente, não deu tempo de conhecer todo mundo, pois  em pouco tempo todos foram se sentando em seus lugares quando a professora chegou. Quando me sento, olho para ela e fico simplesmente sem reação. Parece que tudo está em câmera lenta. Ela está com um vestido preto, um salto e uma bolsa. Coloca a bolsa em cima da mesa, e sem falar uma palavra, pega uma caneta e vira para escrever algo no quadro. No entanto, não consigo prestar atenção no quadro, pois percebo logo que seu vestido deixa suas costas nuas, mostrando sua tatuagem. Ela se vira e fala:

- Boa noite, turma! Me chamo Miranda e irei acompanhar vocês em duas disciplinas neste período. Hoje começaremos com botânica, com a disciplina de morfologia vegetal.

Enquanto ela falava, eu só pensava: "Puta que pariu, que mulher gostosa."

...

Continua no dia 23/12/2023

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