Capítulo 2

14 2 0
                                    

Passando para lembrar que essa estória pode ser um pouco forte para alguns e pode se causar gatilhos, principalmente esse capítulo. Sempre priorizem o seu bem estar psicólogico ~ autora

As queimaduras eram quase impossíveis de se contar, a cada uma feita era possível escutar as risadas e sentir o cheiro da minha carne sendo queimada. Em alguns momentos pude ver curiosos vindo saber o do porque das gargalhadas excessivas, mas quando tomavam ciência de quem eram os donos delas, logo se desesperavam a dar meia volta e sumir de vista.

Ficava inteiramente revoltada com aquela situação era como se não importassem com o que eu estava sofrendo nas mãos daqueles cinco. Isso só me fazia ficar cada vez mais no fundo do poço, e a cada dia mais conformada com essa situação, já tinha virado parte do meu cotidiano aquilo. Seria estranho se eu não apanhasse pelo menos uma vez no dia, pensaria até mesmo que estivesse em um dos meus sonhos, ao qual vivia inteiramente feliz em uma escola normal, sem Eunbi ou qualquer um para me importunar ou me bater. 

Seria um grande milagre se não acontecesse... 

Ela só foi para de me marcar com o cigarro quente, quando tocou o sinal para o fim do intervalo entre as aulas. A mesma apenas virou as costas e chamou seus amigos, indo para saída. Mas logo depois parando repentinamente, olhando de forma intensa para mim, o que me causando arrepios.

Se você disser qualquer coisa aos professores, sobre o que aconteceu aqui, eu te mato — disse de uma forma que eu soube que não era um pedido, mas sim uma ordem. O que me fez concordar quase de imediato, ainda tentando segura os soluços que estavam constantemente querendo sair, mas as lágrimas estavam impossíveis de se impedir. Meu braço estava dormente, mas era possível sentir a ardência passar por ele, Eunbi tinha queimado o lado do qual eu escrevia.

Assim que viu que sua ordem não seria desacatada, a mesma seguiu seu caminho com seus amigos, a qual riam e se divertiam com um assunto aleatório. Aquilo para mim foi a gota d'água, chorei tudo que estava prendendo a alguns minutos.

Como eles podiam estar rindo, quando tinham feito tudo aquilo comigo?!!!

Perdendo total forças de minhas pernas, me ajoelho naquele chão duro do terraço, esquecendo totalmente sobre a aula que estava prestes a começar e dando total atenção a dor que estava sentindo naquele momento. Era como se meu corpo tivesse apenas noção agora do que estava sentindo, aquilo tudo não era apenas fisicamente, meu psicológico estava em completa ruína e não tinha mais chances de voltar ao normal.

A única coisa que me fazia ter forças para continuar com esse teatro de estar bem, era minha mãe, pensar nela me dava incentivo... Mas a cada dia que eu passava naquele inferno, esse motivo vinha se enfraquecendo, como se não fosse suficiente. Aquilo me entristecia muito, mesmo sabendo que era de maneira inconsciente, decepcionar minha mãe estava fora de cogitação. Então o porque daqueles pensamentos? Porque não era suficiente mais?

Mesmo sentindo dor e me sentindo fraca, pelos recentes abusos e falta de tomar o meu dejejum está manhã, me coloquei de pé. Afinal aparecer alguém para me ajudar naquele momento era certamente impossível, ninguém naquela maldita escola iria mover sequer um dedo para me defender. Estando ciente daquilo, passei a andar em direção a saída daquele lugar, com a mão em meu braço que estava machucado pelas queimaduras recentes.

Não era de se esperar que mesmo estando naquele estado deplorável que me encontrava, eu passava pelos corredores daquela instituição a caminho da minha sala e era apenas observada, como um animal em exposição no zoológico. Ninguém fazia questão de me pergunta do porque dos meus hematomas ou se importavam, apenas ficavam ali a me observar, professores e alunos. Nem ao menos um simples "tá tudo bem?", admito que minha mente implorava por apenas aquilo no momento, mas todos ali me viam como nada. E era de se imaginar que esse acontecimento mais uma vez permaneceria em silêncio tanto deles como o meu... 

Mudar de escola estava fora de questão, minha mãe tem se esforçava todos os dias no trabalho para que formasse aqui, seu dinheiro suado estava nessa instituição. Não tinha como eu fazer os  meus caprichos dessa maneira, tenho que sempre levar em consideração suas escolhas para o meu futuro, afinal apesar de tudo essa escola era uma das melhores e que se tinha mais chance os alunos daqui em vestibulares regionais, isso já foi comprovado várias vezes em matérias jornalísticas. Estudava por aqui desde o início do ensino médio e estava tudo bem durante um tempo, todavia fui quieta e tímida, então era difícil fazer amizades. Nunca havia sofrido bullying durante esses dois anos, mas justo no meu último ano aqui, Eunbi havia visto em mim o seu novo brinquedo.

Depois de algum tempo de passos sofridos, finalmente chego ao meu destino que era a sala de aula, podia escutar as falas do professor de matemática. Hesitei um pouco, ao escutar uma risada muito conhecida por mim vir lá de dentro, a pessoa que eu mais odiava. Mesmo sentindo um arrepio pelo corpo tomei coragem onde não tinha, girei a maçaneta da porta e me coloquei para dentro olhando para baixo, pois conseguia sentir os olhares do professor e dos demasiados alunos ali.

— Senhorita DaeSeong, está atrasada, onde estava? — Foi o mesmo me fazer aquela pergunta que senti o olhar da pessoa que vem causando todas as dores que estava sobre mim, era um olhar ameaçador que me fazia ter ânsia — Está fingindo que não está me escutando?!

— Não senhor!!! — respondo de maneira abrupta, olhando fixamente para o mais velho — E-eu estava no terraço lanchando senhor e acabei por perder a hora.

Como se não tive qualquer tipo de hematoma em meu corpo, o mesmo simplesmente concorda e diz para mim me sentar em meu lugar. Eu realmente era um nada em meio aquelas pessoas, e o silêncio de outrora estava me abalando a cada vez mais, estava me destruindo...

Assim seguiu aula normalmente e nenhuma providencia foi tomada em relação a mim, como esperado o professor me fez tomar uma punição pelo atrasado. Tive que ficar até depois da aula, escrevendo 100 vezes a frase " Não vou atrasar mais nas aulas de matemática". Já era tarde quando finalmente terminei,e estava a caminho da minha casa.

Enfrente a mesma, faço o que se tornou uma rotina para mim, abrir minha mochila e pegar a minha inseparável blusa de mangas compridas. Podia estar o calor que estivesse, nunca entrava ou saia de casa sem ela, minha mãe não podia ver ou ter ciência do que estava acontecendo comigo. A mesma nem perguntava mais sobre o porque de usar aquele tipo de roupa em tempo ensolarado.

Entrei em casa já com a blusa em meu corpo, e a primeira coisa que vejo é minha mãe sentada de forma relaxada no sofá. Assim que a mesma me vê, um sorriso é posto em seu rosto, aquilo me quebra o coração me fazendo segura com todas as forças as lágrimas.

— Oi filha, como foi a escola? — pergunta inocentemente, eis a parte que mais odiava do meu dia.

— Bem... —  minto descaradamente, com a primeira coisa que me vem a mente.

— Fico feliz, vai comer alguma coisa, fiz sua comida preferida — diz com aquele grande sorriso no rosto, que chegava a ser reluzente. 

Aquilo foi um gatilho, para o inicio de uma das minhas inúmeras crises de ansiedade. Só tive tempo de falar um "estou sem fome" e correr para o meu quarto, trancando a porta em seguida. Tudo que estava segurando o dia inteiro quis sair naquele exato momento, uma angustia começou a percorre pelo meu corpo. Estava sentindo um nojo descomunal de mim, conseguia escutar as vozes na minha cabeça dizendo o quanto era uma pessoa fraca, que seria melhor eu dar um fim a tudo isso. Comecei a suar frio e minhas mãos estavam tremulas, foi naquele estante que coloquei tudo para fora, através de lágrimas e soluços ensurdecedores, deitada naquele chão gélido.

Apesar disso, estava agradecida internamente por meu quarto ser longe o suficiente da sala, para se escutar o som do meu choro...

Silêncio...🩵THOnde histórias criam vida. Descubra agora