Capítulo 3

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Charlie verificou o seu relógio: ela chegou a horas de se encontrar com John, até mais cedo. Ela passou sob um poste de luz e olhou para si mesma, verificando as suas roupas. Oh não. Os joelhos das suas calças de ganga estavam molhados com lama, e havia uma mancha escura onde ela tinha limpado os dedos do sangue do homem morto. Não posso aparecer coberta de sangue. Ele já me viu assim demasiadas vezes. Ela suspirou e virou-se.

      Graças a deus, Jessica estava fora quando chegou ao quarto. Charlie não queria falar do que tinha acabado de se passar. Clay não lhe disse especificamente para manter segredo, mas ela tinha bastante a certeza que não devia transmitir a sua visita privada a uma cena de crime. Charlie teve um vislumbre aos rostos debaixo da fronha da almofada, mas não foi até eles. Ela queria mostrar o seu projeto a John, mas, assim como Jessica, ele poderia não compreender.

      Ela abriu uma gaveta do armário e olhou para os conteúdos sem os registar. Na sua mente, ela viu o corpo novamente, os seus membros estendidos como se tivessem sido atirados para o chão onde estavam. Ela cobriu a cara com as mãos, respirando fundo. Ela já tinha visto as cicatrizes, mas nunca tinha visto as feridas dos spring locks frescas. Agora os olhos de Dave vieram-lhe à mente, o olhar de choque antes de cair. Charlie conseguia sentir os trincos nas suas mãos, senti-los a resistir, depois ceder e estalar. Foi isso que aconteceu. Foi o que eu fiz. Ela engoliu, e deslizou as mãos garganta abaixo.

      Charlie abanou a cabeça como um cão a sacudir o pelo molhado. Ela olhou para a gaveta aberta novamente, concentrando-se. Preciso de me trocar. O que é isto tudo? A gaveta está cheia com roupas coloridas, todas desconhecidas. Charlie assustou-se, um pequeno pânico tomando-a. O que é isto tudo? Ela pegou numa T-shirt e largou-a, depois forçou-se a respirar fundo. Jessica. São da Jessica. Ela abriu a gaveta errada.

      Recompõe-te, Charlie, disse a si mesma firmemente, e de alguma maneira soou como a voz da Tia Jen na sua cabeça. Apesar de tudo que havia entre ela e a tia, só de imaginar a voz fria e autoritária fez Charlie ficar um pouco mais calma. Ela assentiu a si mesma, e agarrou no que precisava: uma camisa limpa e calças. Ela vestiu-se apressadamente, e saiu para encontrar-se com John, o seu estômago tremendo, meio animada, meio tonta. Um encontro, pensou ela. E se não correr bem? Pior, e se correr bem? 

      Conforme se aproximava do restaurante tailandês, ela viu que John já estava lá. Ele esperava na parte exterior, mas não parecia impaciente. Ele não a viu logo, e Charlie abrandou por um momento, observando-o. Ele parecia à vontade, olhando para o meio da distância com uma expressão vaga e agradável. Ele tinha um ar de confiança que não possuía à um ano atrás. Não era que ele fosse inseguro de si mesmo antes, mas agora parecia...adulto. Talvez porque ele foi logo trabalhar depois do ensino secundário. Talvez foi pelo que aconteceu o ano passado no Freddy's. Pensou Charlie com uma sensação inesperada de inveja. Embora ela se tivesse mudado sozinha, para uma nova casa e uma nova universidade, ela sentiu como se a experiência a tivesse deixado mais infantil, não menos. Não uma criança cuidada e protegida, mas uma que era invulnerável e desmotivada. Uma criança que teria olhado para debaixo da cama e ver os monstros.

      John notou-a e acenou-lhe. Charlie acenou de volta e sorriu, a expressão não forçada. Encontro ou não, era bom vê-lo. 

      "Como foi a tua última aula?" disse ele em jeito de saudação, e Charlie encolheu os ombros.

      "Não sei. Foi aula, Como foi o resto do trabalho?"

      Ele sorriu. "Foi trabalho. Tens fome?"

      "Sim," disse Charlie determinada. Eles entraram e foram direcionados para uma mesa.

      "Já estiveste aqui antes?" perguntou John, e Charlie abanou a cabeça.

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⏰ Última atualização: Mar 16 ⏰

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(2) Five Nights at Freddy's: Não Confies nos Teus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora