Prólogo

68 8 0
                                    

• Madrid, Espanha. 2020. 🇪🇦 •
- Pov's: Amanda Portella 🪡 -

A música tocava baixo nos altos falantes da caixinha de som. Vez ou outra eu cantava acompanhando os artistas, ou pelo menos tentava. Olhava os tecidos com atenção, esse vestido tem que ser perfeito.

Ouvi a porta ser aberta, não virei para saber quem era, o seu perfume amadeirado lhe entregava. Senti suas mãos segurarem meu quadril, sua respiração batia no meu pescoço e seus lábios marcavam meu ombros com seus beijos molhados.

— Bem vindo de volta, mi madridista. — Desejei e deitei minha cabeça em seu ombro. 

— Te extrañe, nena. — Me virou e meu peito foi esmagado pelo seu peitoral, seus lábios perfeitos encontraram os meus em um beijo viciante e quente.

Bato a mão na testa tentando afastar a lembrança da minha mente. Era difícil não pensar em suas mãos grandes em meu corpo, ou em como seus beijos são maravilhosos, ou o quanto eu sinto saudades dele. Eu ainda consigo sentir os seus lábios nos meus, sua boca tão macia cobrindo a minha. Ainda sinto arrepios em ouvir a sua voz grave cheia de sotaque, mesmo que seja pela mísera televisão do meu ateliê.

Só de pensar que ele está fazendo tudo com ela o que fazia comigo me traz dor e mágoa. E me dói mais ainda ela não saber disso, Allana não saber que eu tive um caso com o Carlos Sainz antes dela… céus, isso me maltrata de uma forma inexplicável.

Eu tô desejando o namorado da minha melhor amiga. Sinto um ciúmes desgraçado dele por ele ter decidido ser um homem sério com ela e não comigo. Que merda de amiga eu sou? Eu sinto inveja dela porque ela conseguiu o que eu não consegui?

Posso declarar com meu ser que odeio Carlos Sainz Jr por me fazer ter esses sentimentos tão mesquinhos. Que ódio!

E o pior de tudo é que eu ainda o desejo. Eu o quero e mesmo declarando com toda minha força que o odeio, na verdade eu o amo com a minha vida. Isso dói. Dói pra caramba! É pior que ver o Barcelona perder pro Real Madrid. Dói mais que ver o Corinthians sendo goleado pelo Palmeiras.

Jesus, que dor!

Eles estão há dois anos juntos e eu não consigo superar.

Já nem sei dizer se isso é amor. Esses sentimentos miseráveis me fazem pensar que talvez eu tenha desenvolvido uma dependência emocional nele.

Isso dói...

Meu peito dói como se a qualquer momento eu simplesmente tivesse um infarto por causa de tais sentimentos. Meu coração aperta e chega a errar as batidas por causa dele. Ficar longe me mata. Não poder tocá-lo me machuca. Éramos tão viscerais que ficar afastado dele é como se metade de mim estivesse com ele, acompanhando seus passos, suas viagens e toda sua rotina de corrida e férias.

Como pode eu amar tanto um cara que destruiu a minha vida amorosa? Como eu posso amar tanto Carlos Sainz? Como posso amá-lo sabendo que ele está transando com a minha melhor amiga de infância?

É trágico, mas ao mesmo tempo engraçado. 

Aumentei o volume da música que tocava no rádio, minha playlist estava na versão aleatória e o Spotify não foi nada bondoso em colocar Amor de fim de noite. Poxa, Orochi! Precisava fazer essa pedrada?

O pior de tudo é que a chuva em Madrid parecia não ter fim hoje. Eu estava no carro a trinta minutos e a chuva continuava. E como ironia da vida, o trecho “a nossa chama não se apaga nem com um dia só de chuva” parece ser cantando mais alto, como se o universo estivesse cantando essa pra mim. É, Orochi, a nossa chama apagou e não sobrou nem uma brasa. Que piada de mal gosto do destino.

Ouvi meu celular e o procurei na minha bolsa. Allana me ligando em plena sete da manhã de segunda-feira… é brincadeira. Depois de um longo suspiro, arrastei a bola verde para o lado e levei o celular para a minha orelha.

Estou solteira. — Falou antes mesmo de eu dizer algo.

— Por qual motivo? — Bati as unhas no volante. Nervosa demais.

Percebemos que somos melhores sendo só amigos, sabe? A gente está de boa, só não beijamos mais na boca.

— Não está triste? — Mordi a bochecha, sentindo o gosto metálico do meu sangue escorrer na boca e sendo engolido junto com a saliva.

Claro que não. Não é como se tivéssemos encerrando um ciclo, só terminamos o namoro. Não é como se ele fosse sumir da minha vida pra sempre. Carlos não tem esse direito.

— Tá bom, então. — Minhas unhas bateram mais forte no volante, poderia sentir a ponta dos meus dedos ardendo. — Me ligou só pra isso? — Engoli seco.

Aconteceu alguma coisa, Amanda? — Sua voz saiu um pouco preocupada e eu me julguei por isso.

— Não, eu estou bem. Estou esperando a chuva dar uma aliviada pra mim conseguir sair do carro. — Cocei o pescoço.

Ok, então. Cuidado pra não pegar um resfriado. Se cuida, em!

— Você também. — Desliguei a chamada e joguei o telefone no banco de passageiro.

Passei as mãos pela cabeça. Puta merda! Allana e Carlos terminaram. Meu Deus do céu. Amanda… Amanda… cuidado com o que deseja! Terminaram por minha culpa? A minha infelicidade me trouxe a inveja, será que foi isso? Eles eram felizes, eu podia ver isso em cada jura de amor que ele fazia pra ela em suas redes sociais. Allana sempre me ligava feliz e abobalhada quando recebia mais uma de suas declarações perfeitas e seus presentes. Até mesmo quando ele lhe trazia o maior buquê de flores já visto das suas flores favoritas.

Estou me sentindo o pior ser humano da face da terra. Eu sou uma péssima amiga! Por favor, me leva, Deus.

Meu corpo reagiu às minhas frustrações e comecei a suar e ficar com frio. Diminuí a temperatura do ar-condicionado e deitei sobre o volante, sentindo a minha cabeça rodar como um beyblade. Já posso declarar segunda-feira o pior dia da semana depois de hoje.

Olhei pro lado quando ouvi batidas no vidro da janela do carro. Isadora acenou pra mim do lado de fora, o seu guarda chuva lhe protegia da água. Abaixei o vidro e ela já colocou a mão na minha testa.

— Amanda, você está com febre. — Desceu a mão para o meu pescoço. — Febre alta!

— Eu só preciso de um tempo pra me recuperar. — Fechei os olhos, tentando ignorar as pontadas na minha cabeça que começavam a ficar insuportáveis.

— Você vai pra casa! Eu vou chamar o João pra te levar pra casa. Deixa que eu cuido de tudo por aqui. — Se afastou do carro e me vi na obrigação de subir o vidro para mais gostas de chuva não me molharem.

E não tem nada ruim que não possa piorar. Desgraça de dia!

Depois de hoje, vou ter que fazer terapia com mais frequência. Talvez duas vezes na semana.


Já comecei com essa pedrada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Já comecei com essa pedrada. Não quero ninguém julgado a Amanda e nem a Allana, em. 🤨

Prólogo bem pequeno porque o primeiro capítulo vai ser grandão.

Beijos e até a próxima! 💋

Operação Suave - Carlos Sainz (F1 - 04)Onde histórias criam vida. Descubra agora