um: proposta;

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「 📚 」

ㅤ — Então, Kei, quando você vai arranjar um namorado?

ㅤ O loiro tirou os olhos do celular pela primeira vez naquela tarde. Mirou a mulher de meia idade através das lentes grossas, com seu olhar cansado e levemente irritado.

ㅤ — É verdade. Nosso Kei nunca nos apresentou ninguém, não é? – a outra senhora concordou.

ㅤ Tsukishima escorregou ainda mais na cadeira. Rezava para que conseguisse escapar para debaixo da pequena mesa e, com sorte, sumir misteriosamente.

ㅤ — Pois é. Um menino tão bonito, inteligente, alto. Não é possível que você nunca tenha namorado, Kei. – a primeira voltou a dizer. Elas nem o olhavam, agora já debatiam entre si.

ㅤ Não seria ele a dizer à sua tia que não era uma das pessoas mais simpaticas, e isso explicaria sua total inaptidão no quesito romance. Respirou fundo. Maldito momento em que havia esquecido seus fones de ouvido em casa, porque agora, lhe restavam suas tias fofoqueiras na cozinha, ou seus tios na sala de estar falando sobre futebol.

ㅤ Uma figura entrou no cômodo, com uma pilha de pratos sujos em mãos.

ㅤ — É mesmo, maninho, quando você vai me dar um cunhado? – Akiteru disse, lhe lançando um sorriso sacana e o olhar debochado.

ㅤ O mais novo se arrependia amargamente de ter cogitado que o irmão poderia lhe ajudar a sair daquela situação, de alguma forma. Sua mãe veio logo atrás do primogênito, com alguns copos, indo até e pia e começando a lavar a louça.

ㅤ — Deixem o menino Kei. – a voz de sua vó se fez presente, levemente rouca e cansada. A senhora estava sentada na cadeira da ponta da mesa, concentrada em fazer algo de crochê — O amor é a única coisa que não devemos apressar. – os olhos castanhos lhe encararam com gentileza e um sorriso compreensivo se abriu no rosto enrugado.

ㅤ O loiro a encarou, agradecido, deixando um sorriso quase imperceptível escapar. Gostava de sua avó. A considerava muito inteligente. Sábia de tudo aquilo que nenhuma ciência poderia lhe ensinar. Quando pequeno, ia até a casa dela comer bolo e fazê-la ouvir sobre dinossauros. Nada havia mudado conforme crescia, apesar de, agora, seus papéis terem se invertido. Hoje em dia, ele iria até a casa dela comer bolo e escutaria a senhora falar por horas sobre variadas coisas – incluindo, talvez, sobre as vizinhas.

ㅤ — Ei, Kei! Levanta a bunda daí e faz algo de útil. – seu irmão voltou a dizer, largando um pano de prato sobre seus ombros — Seca a louça pra mim enquanto eu trago o resto. – disse, saindo rapidamente do cômodo antes que pudesse contestar.

ㅤ Bufou, mas se levantou e foi até o escorredor, começando a secar a louça que sua mãe estava lavando. Suas tias continuavam a falar sobre si.

ㅤ — Parem de incomodar ele com isso de namoro. – sua mãe disse, lhe alcançando um copo.

ㅤ — Ora, Saori. Estamos apenas dizendo que ele deveria aproveitar um pouco a vida. – sua tia mais velha voltou a dizer.

ㅤ — Então, aproveitar enquanto ele ainda é jovem. – a mais nova comentou. Seu irmão voltou com alguns talheres — Não acha, Akiteru?

ㅤ O mais velho o olhou. Tratou de lançar a ele seu olhar mais mortal. Ele sorriu.

ㅤ — Bom, acho que essa carranca do Kei iria embora se ele tivesse um namorado.

ㅤ Tsukishima estava de saco cheio.

ㅤ — Quem disse que eu não tenho um namorado? – soltou, se negando a encará-los e fixando sua atenção na pilha de louça, agora limpa, à sua frente. Sua mãe já havia terminado e, agora, secava as mãos em um pano.

Por favor, saia comigo | tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora